O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, anunciou nesta sexta-feira (20) que um referendo sobre a tentativa de anexação da região do Essequibo, localizada dentro da vizinha Guiana, será realizado em 3 de dezembro.
Segundo informações do site Efecto Cocuyo, Rodríguez fez o anúncio após reunião com o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, na qual apresentou o pedido formal para a organização do referendo. Na consulta, será perguntado à população venezuelana se concorda com a “defesa do território em disputa com a Guiana”.
“É uma iniciativa de justiça, de reivindicação pacífica daqueles que são os direitos inalienáveis que a República da Venezuela tem sobre o território da Guiana Essequiba. Ninguém duvida que os limites da Venezuela foram estabelecidos e devem ser respeitados muito antes da flagrante tentativa de roubo perpetrada em 1899 com uma decisão arbitral viciada”, disse Rodríguez.
Tanto o CNE quanto a Assembleia Nacional da Venezuela são controlados pela ditadura de Nicolás Maduro.
A discussão a respeito da soberania sobre a região de mais de 160 mil quilômetros quadrados a oeste do rio Essequibo, cerca de 70% do território da Guiana, começou no século XIX. Caracas argumenta que a área é parte do seu território porque, durante o período colonial, ela integrou a capitania geral da Venezuela.
Após o domínio espanhol, a região foi administrada pelos holandeses a partir de 1648 (bem antes, portanto, da Venezuela declarar independência da Espanha, o que ocorreu em 1811) e pelo Reino Unido a partir de 1814.
Em 1899, uma sentença arbitral em um tribunal de Paris conferiu a soberania sobre a região ao Império Britânico.
Em 1962, a Venezuela entrou com um processo nas Nações Unidas para contestar a decisão de 1899. Em 1966, ano em que a Guiana obteve sua independência do Reino Unido, foi assinado o Acordo de Genebra, que determinou o controle da área pelos guianenses, mas admitiu a contestação da Venezuela. A disputa deveria ser resolvida em quatro anos, mas isso não aconteceu.
As negociações não avançaram nas décadas seguintes e a disputa chegou a ser arquivada durante o governo de Hugo Chávez (1999-2013), mas a Venezuela voltou a apresentar a demanda depois que a empresa americana ExxonMobil descobriu grandes reservas de petróleo no mar territorial guianense, em 2015.
Em abril, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, na Holanda, declarou que possui jurisdição para decidir sobre a disputa entre os dois países a respeito da área.
O TIJ rejeitou, por 14 votos contra um, os argumentos da Venezuela, que havia exposto várias razões de forma escrita e oral para solicitar ao tribunal que declarasse “inadmissíveis” as alegações da Guiana, enquanto esta tinha pedido para a corte “rejeitar as objeções preliminares” de Caracas e avançar para o mérito do caso, que ainda não foi decidido.
No mês passado, Caracas criticou um anúncio da Guiana de licitações de petróleo na região disputada.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas