O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que seu governo não pode manter relações com o Peru enquanto o líder peruano Alan García estiver no cargo.
As relações entre Caracas e Lima mergulharam em crise este ano, depois que Chávez e García discutiram sobre o livre comércio com os Estados Unidos e o apoio de Chávez ao candidato adversário de García nas eleições presidenciais do Peru.
- Ele atacou a Venezuela e o povo venezuelano de uma maneira irresponsável... e agora o que ele quer? Que eu lhe ofereça minha mão, não - disse Chávez a jornalistas depois de um discurso na noite de quinta-feira no Congresso do Panamá.
- Enquanto Alan García for o presidente do Peru e eu for o presidente da Venezuela, honestamente, não podemos manter relações com um governo tão irresponsável, com um presidente tão irresponsável, de maneira nenhuma - disse.
Peru e Venezuela já chamaram de volta seus respectivos embaixadores.
García chamou Chávez de hipócrita por atacar um acordo comercial assinado pelo Peru e Washington, enquanto vende petróleo venezuelano ao mercado americano. Chávez respondeu, chamando García de ladrão.
A rusga mostra as divisões na América Latina sobre as relações comerciais com Washington. Chávez, um aliado de Cuba, diz que suas idéias de integração e revolução socialista para os pobres oferecem uma alternativa aos acordos apoiados pelos EUA. Washington diz que o ex-militar ameaça a estabilidade da região.
Na quinta-feira, a Venezuela ofereceu ao Panamá cooperação energética, incluindo o refino de 150.000 barris por dia, como parte de uma iniciativa mais ampla de Chávez para conter a influência americana.
Quinto maior exportador de petróleo do mundo, a Venezuela é um dos principais abastecedores do mercado dos EUA, mas vem assinando vários acordos energéticos com vizinhos latino-americanos.
As autoridades americanas costumam acusar Chávez de erodir as instituições da Venezuela e de usar a riqueza petrolífera do país para se intrometer nas questões internas de outros países.