O vice-presidente do Uruguai, Danilo Astori, qualificou ontem o ingresso da Venezuela no Mercosul como uma "agressão institucional" ao bloco econômico.
"Não compartilho a decisão de aceitar o ingresso da Venezuela como um membro pleno porque se trata de uma agressão institucional muito importante para o Mercosul", disse ele, em declarações publicadas pelo jornal uruguaio El Observador.
"É uma ferida institucional muito importante, talvez a mais grave dos 21 anos do Mercosul", acrescentou.
Ainda segundo Astori, o ingresso da Venezuela e a sanção ao Paraguai atingem "o coração do Tratado de Assunção" e ignoram "uma de suas normas mais importantes (...) o ingresso de um membro pleno deve ser aprovado por todos os membros plenos já existentes".
Na terça-feira, o chanceler uruguaio, Luis Almagro, chegou a afirmar que a entrada da Venezuela foi tomada pela intervenção "decisiva" da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, secundada pela da Argentina, Cristina Kirchner, na reunião de chefes de governo.
A declaração foi rebatida pelo assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. "Isso não corresponde ao estilo da política externa brasileira e menos ainda da presidenta Dilma", afirmou.
Ontem, o secretário da Presidência do Uruguai, Diego Cánepa, disse que não há contradições entre os integrantes do Mercosul sobre como foi decidida a entrada da Venezuela no bloco. "Marco Aurélio Garcia transmitiu o correto, que houve consenso na reunião de presidentes, quando se entendeu que era estratégico o ingresso da Venezuela. Ocorreu um discussão sobre a oportunidade, mas não sobre a decisão fundamental", destacou Cánepa.
"O Uruguai já resolveu este tema. O ingresso da Venezuela foi votado e aprovado em nosso país há quase cinco anos", concluiu Cánepa.