A Justiça venezuelana emitiu na sexta-feira (11) à noite ordem de prisão do conhecido empresário Guillermo Zuloaga, presidente do canal de televisão Globovision, e crítico do presidente Hugo Chávez, sob acusação de esconder ilegalmente veículos em sua residência, segundo a promotora-geral Luisa Ortega. A residência de Zuloaga foi invadida pelas forças de inteligência, que executariam a ordem de prisão do empresário e de um de seus filhos, que não foi encontrado.
Zuloaga é o presidente e o maior acionista da Globovision, o único canal de televisão de oposição a Chávez que ainda mantém sua programação no ar. Ele e seu filho, que também se chama Guillermo, são acusados de usura e conspiração. Zuluoga nega as acusações, dizendo que são uma tentativa de intimidá-lo. Policiais e soldados vasculharam sua propriedade e encontraram os veículos em maio do ano passado, mas desde então nada havia sido feito.
A ordem de prisão foi emitida uma semana após Chávez publicamente lamentar o fato de Zuloaga ainda estar livre. "Eles flagraram aquele homem com um monte de automóveis em sua casa e isso é crime. E ele está livre e tem um canal de televisão", disse Chávez em discurso na TV. Ele chamou o caso de uma "fragilidade estrutural" do sistema legal da Venezuela.
Zuloaga, que também é dono de várias concessionárias de automóveis, disse ter guardado os carros em sua residência por uma questão de segurança, depois de uma de suas lojas ter sido roubada. Outras acusações criminais foram emitidas contra ele no começo do ano, como falsificação e ofensa ao presidente venezuelano durante um encontro da Associação Interamericana de Imprensa, em Aruba.
O presidente da associação, Alejandro Aguirre, condenou hoje a atitude da Justiça venezuelana e disse que se trata de perseguição política. "Mais uma vez ficou evidente que na Venezuela não há poder independente, um valor essencial da democracia, uma vez que a Justiça parece agir cada vez mais a cada palavra ou ordem do presidente", disse Aguirre. "Nos preocupa que isso aconteça com frequência", disse. As informações são da Associated Press.