Relatório divulgado pela United States Geological Survey (USGS) - o departamento de geologia do governo americano - sinalizou com a possibilidade de a Venezuela tornar-se a detentora da maior reserva de petróleo do mundo. Relatório divulgado pelo instituto em sua página na Internet no último dia 22 de janeiro, comentando a área da Bacia do Orinoco, naquele país, aponta a perspectiva de existirem no local 513 bilhões de barris de petróleo pesado tecnicamente recuperáveis.

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"O volume é surpreendente e supera em muito as estimativas que vinham sendo reveladas pela própria Venezuela até bem pouco tempo", comentou o geólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Leonardo Borghi, procurado para comentar o relatório. A Venezuela costuma apregoar sobre esta área um montante na faixa dos 150 bilhões de barris de óleo recuperáveis. Nos bastidores do setor chegou-se a ser veiculada a possibilidade de haver no local até 250 bilhões de barris, mas parte com sérias dificuldades de retirada debaixo do solo, devido ao teor bastante pesado do óleo lá encontrado.

Se confirmado o relatório do departamento norte-americano, as reservas recuperáveis de óleo na região seriam mais do que o dobro das existentes na Arábia Saudita, hoje a maior do mundo. O volume também deixa risível a melhor perspectiva de reservas de petróleo do pré-sal brasileiro, para até 150 bilhões de barris (14 bilhões em estimativas oficiais). "Esta área contém uma das maiores acumulações do mundo e essa avaliação é a primeiro a identificar o quanto é tecnicamente recuperável, usando a tecnologia atualmente disponível", diz o relatório.

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A Petrobras chegou a tratar com a petroleira venezuelana (PDVSA) o acesso direto a parte destas reservas, em meio às negociações para compartilhar os investimentos na Refinaria de Pernambuco. Na época, a ideia era de que a PDVSA participasse dos investimentos na refinaria na mesma medida em que a Petrobras participaria da área exploratória naquela área. A negociação não foi adiante e apenas a PDVSA fará sua parte no Brasil.

A estatal brasileira chegou até mesmo a desistir da licitação que está em andamento na Venezuela. Segundo fontes do setor, o desinteresse está diretamente ligado à necessidade de maiores investimentos no pré-sal brasileiro, que surgiu no meio do caminho. Ao mesmo tempo, haveria também uma demanda elevada de recursos para a construção de uma unidade de pré-refino, antes de processar o óleo numa unidade tradicional de refino, devido ao seu teor mais pesado. Isso elevaria os custos para níveis estratosféricos, consideram alguns especialistas.

Aliada às instabilidades políticas e econômicas recentes daquele país, a licitação se esvaziou e apenas dois consórcios apresentaram propostas para a exploração compartilhada com a PDVSA de sete áreas: a espanhola Repsol com a ONGC da Índia e a Petronas da Malásia; e americana Chevron com a segunda empresa venezuelana Suelopetrol e as japonesas Mitsubishi, JOGMEC e Inpex.

"Acumulações como esta são muito difíceis de produzir, mas os avanços na tecnologia e novos entendimentos em geologia nos permitem avaliar melhor o quanto poderá ser tecnicamente recuperável." disse a coordenadora da USGS, Brenda Pierce, no relatório, lembrando que este é o maior acúmulo já avaliados pelo USGS. Os recursos estimados de petróleo na faixa de Orinoco Oil, considerando o total (incluindo volume não-recuperáve) atingiria a 1,3 trilhão de barris.

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