O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na noite de quinta (12) que foi desarmado um golpe militar contra seu governo e teria sido articulado com opositores. Pelo menos cinco oficiais das Forças Armadas foram presos.
A denúncia foi feita pelo mandatário no mesmo dia em que manifestantes foram às ruas em lembrança ao aniversário de um ano do início dos protestos contra o governo, que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio do ano passado.
Desde que assumiu o governo após a morte do presidente Hugo Chávez, em março de 2013, Maduro acusa os opositores de quererem articular um golpe, com apoio dos Estados Unidos.
Em pronunciamento, Maduro afirmou que a intenção dos militares presos era realizar um bombardeio com um avião Embraer EMB-312 Tucano, de fabricação brasileira, contra o Palácio de Miraflores e outros prédios estatais.
Segundo o presidente, a aeronave seria trazida do exterior porque os aviões do mesmo modelo da Força Aérea venezuelana estão fora de operação. Ele não mencionou qual país emprestaria o avião militar aos golpistas.
Em seguida, o plano dos militares era divulgar vídeo que, de acordo com Maduro, seria feito pelo general de brigada Oswaldo Hernández Sánchez. Na mensagem, Hernández diria que os militares haviam se rebelado e derrubado o presidente.
A intenção é que as imagens fossem enviadas às agências de notícias e ao canal de televisão CNN, cujos repórteres foram expulsos do país durante os protestos por serem acusados de golpismo pelo governo.
Maduro disse que o financiamento da operação viria de Miami, em referência aos opositores políticos que moram na cidade americana, com o respaldo do governo do presidente Barack Obama.
Na opinião do presidente, o bombardeio seria a parte final do plano que, segundo ele, teria começado com o desabastecimento de produtos no país, chamado pelo governo de guerra econômica.
A escassez de produtos foi noticiada por diversos meios de comunicação internacional, o que Maduro encara como a segunda parte do plano. Em seguida, os supostos golpistas buscariam "um traidor" do governo para executar o ataque.
Provas
Horas depois do discurso, o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Diosdado Cabello, disse que o plano golpista foi articulado pelo deputado opositor Julio Borges e o general Maximiliano Hernández, um dos presos na ação do governo.
Apresentando mapas que teriam sido encontrados na casa dos militares presos, Cabello afirma que os demais alvos do ataque militar seriam a sede do Conselho Nacional Eleitoral, os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores e o prédio do canal Telesur.
Ele também citou como provas a apreensão de fardas dos oficiais presos e fotos de uma diplomata americana que esteve na Venezuela para verificar as condições da prisão do dirigente opositor Leopoldo López, acusado de incitação à violência nas manifestações.