A ONU estima que mais de 350 pessoas foram detidas na Venezuela nesta semana, como consequência dos protestos em várias outras cidades e da ofensiva da oposição para deslegitimar o governo de Nicolás Maduro.
Em declarações para a imprensa, a Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, indicou que espera que as autoridades façam uma investigação ampla e imediata também sobre as mortes e feridos registrados.
Para a chilena, todos os lados precisam agir para desfazer a "atmosfera cada vez mais incendiária" - apenas na quarta-feira, 23, foram mais de 320 detenções. Também se registrou uma onda de operações em propriedades em bairros pobres de Caracas, onde cerca de 180 protestos ocorreram ao longo da semana.
Leia também: Enquanto tensão entre Venezuela e EUA aumenta, Rússia alerta sobre ‘intervenção’ americana
De acordo com a Alta Comissária, pelo menos 20 pessoas morreram ao receber disparos das forças de segurança ou membros de grupos armados ligados ao governo. A ex-presidente do Chile quer, portanto, "investigações imparciais" sobre o uso excessivo da força.
"Estou muito preocupada com a situação na Venezuela, que pode rapidamente sair do controle com consequências catastróficas", disse.
Seu temor é de que a violência que se registrou durante os protestos de 2017 volte a ocorrer, incluindo execuções sumárias, detenções arbitrárias em massa, repressão e ataques.
Bachelet pediu que as autoridades venezuelanas, em especial as Forças de Segurança, atuem com cautela para respeitar a liberdade expressão. Ela ainda lembrou que o uso desproporcional de violência é proibido pelo direito internacional.
Diálogo
Para a chefe da ONU para Direitos Humanos, os líderes políticos do país precisam "iniciar imediatamente" um dialogo para impedir que a situação se transforme em uma nova onda de violência.
Leia também: Quem é 'o padrinho', chefe do Exército e braço direito de Maduro na Venezuela
Mas ela também mandou um alerta para Nicolás Maduro, apelando para que ele não feche as últimas vias de um dialogo ao colocar na prisão líderes políticos e sociais.
"Três milhões de venezuelanas fugiram do país, outros milhões vivem em condições totalmente miseráveis. O que mais é preciso para que a liderança política coloque as pessoas em primeiro lugar, e não seus interesses?", questionou.