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Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, que está sendo realizada em Nova York, o governo venezuelano apresentou nesta quinta-feira (21) o “mapa geopolítico de sanções”, uma ferramenta digital que permite consultar as sanções que 30 países em todo o mundo receberam dos Estados Unidos e da União Europeia (UE).
O embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, propôs a formação de uma aliança internacional entre os países que são alvos destas medidas.
“Esta ferramenta digital foi criada para lutar pelos direitos dos Estados e defender a sua soberania econômica”, disse Moncada. “Estamos tentando, a partir da Venezuela, propor a construção de um instrumento de cooperação a nível internacional das nossas universidades, dos nossos governos… Uma ferramenta de informação para combater a desinformação e a invisibilidade desta questão a nível global.”
Durante um fórum na ONU, o embaixador afirmou que estes tipos de sanções são ferramentas “de controle de nações fracas por parte de nações que têm uma posição dominante no sistema econômico mundial”.
Além disso, disse que são “armas de destruição em massa”, porque “atrasam o desenvolvimento de povos e nações inteiras”, especialmente das pessoas mais vulneráveis, como crianças e idosos.
Por isso, propôs a formação de uma “zona livre de sanções internacionais”, que seria composta por “países que desconhecem” estas medidas.
Representantes de Rússia, China, Irã, Cuba, Nicarágua, Belarus e Eritreia, todos sob sanções ocidentais, felicitaram a Venezuela pela iniciativa.
A Rússia, um país que sofreu fortes sanções pela invasão à Ucrânia, tem defendido o fim destas medidas, cujas principais vítimas são aliados seus. No evento organizado pela Venezuela, o representante da missão russa, Dmitri Chumakov, disse que “é preciso aumentar a pressão” sobre o secretário-geral da ONU, António Guterres, para que seja monitorado o impacto das sanções.
“Se precisarmos proteger os interesses das populações vulneráveis em desenvolvimento, devemos estar comprometidos com esta causa”, declarou.
Durante seu pronunciamento no debate geral da Assembleia Geral da ONU, na terça-feira (19), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, havia criticado a adoção de sanções e citou especificamente o caso de Cuba.
“As sanções unilaterais causam grande prejuízos à população dos países afetados. Além de não alcançarem seus alegados objetivos, dificultam os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos”, disse Lula, que condenou “o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo”.
Outros líderes de esquerda também criticaram as sanções, como o presidente do Chile, Gabriel Boric. Na quarta-feira (20), embora tenha criticado a repressão imposta pela ditadura da Nicarágua à sua população e a invasão russa à Ucrânia, Boric pediu o fim das sanções contra Cuba e Venezuela. (Com Agência EFE)