O governo da Venezuela respondeu à ONU neste sábado que "é fiador" dos direitos humanos no país, e acusou "grupos midiáticos internacionais" de evitar a realidade do que realmente ocorre no país.
"É inegável que o governo venezuelano demonstrou um absoluto apego à defesa dos direitos humanos, o qual tratou de desvirtuar através de uma brutal campanha de tergiversação e manipulação midiática, que foi suscitada pela imprensa nacional e internacional", afirmou em comunicado o embaixador perante a ONU em Genebra, Jorge Valero.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, condenou ontem a violência das últimas semanas na Venezuela, "independentemente de quem sejam os responsáveis", e pediu que o governo venezuelano zelasse pelo respeito à liberdade de expressão e de reunião.
No comunicado de hoje, Valero cita explicitamente que suas declarações são respostas diretas ao dito ontem pela Alta Comissária. Navi denunciou "a contínua retórica incendiária de ambos os lados", e a tacha de "inútil".
Precisamente, Valero lembra que o presidente venezuelano, Nicolas Maduro, convocou a Conferência Nacional pela Paz na qual participam vários setores do empresariado, a sociedade civil e a Igreja.
"Enquanto na Venezuela o governo promove esta importante iniciativa, à qual se uniram de maneira decidida representantes de todos os setores do país, por outro lado, cadeias midiáticas internacionais, longe de contribuir à promoção da paz, insistem em apresentar uma imagem distorcida da realidade venezuelana", disse o embaixador.
Em resposta às acusações de Navy de que o Executivo bolivariano não respeita os direitos básicos, Valero reiterou que o governo "garante o exercício pacífico das manifestações, de conformidade com a Constituição Bolivariana".
Além disso, Valero assinalou que o governo "cumpre escrupulosamente com os padrões internacionais em matéria de proteção dos direitos humanos, em particular, os relacionados com as manifestações públicas".
Sobre a preocupação da Alta Comissária pelo grande número de manifestantes detidos, o diplomata informou que de "as centenas de pessoas que foram detidas durante os distúrbios, só uma ínfima minoria se encontra detida, devido aos delitos que são acusadas, entre eles assassinatos e lesões a pessoas, o uso e porte de armas de fogo e a destruição de bens públicos e privados".
A Venezuela se encontra imersa em uma onda de protestos contra o governo desde 12 fevereiro nas quais morreram 18 pessoas e se registraram 260 feridos e 700 detidos.