O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, anunciou nesta sexta-feira (10) o envio de “patrulhas aéreas” depois que os Estados Unidos anunciaram o sobrevoo de dois aviões da Marinha sobre Georgetown, capital da Guiana, e seus arredores.
Durante um evento militar transmitido pela emissora estatal VTV, López afirmou que em “questão de uma hora” houve um “destacamento organizado” de aeronaves Sukhoi 30MK2, F-16 e K-8 para defender o espaço aéreo, embora não tenha especificado a área para onde as aeronaves foram enviadas.
Na quinta-feira, o ministro descreveu o sobrevoo dos aviões americanos como “reiteradas provocações” do Comando Sul dos EUA, “patrocinadas pelo governo da Guiana, que assumiu o papel de uma nova colônia dos EUA”.
A embaixada dos EUA na Guiana informou na rede social X (ex-Twitter) que o sobrevoo seria realizado com “dois F/A-18F Super Hornets da Marinha embarcados no USS George Washington [porta-aviões]” e “com a cooperação e aprovação” do governo guianense.
A Venezuela alega ter soberania sobre Essequibo, uma região de quase 160 mil quilômetros quadrados que corresponde a 70% do território da Guiana.
Uma decisão internacional do final do século XIX determinou que a área era do Reino Unido, de quem a Guiana obteve independência em 1966. Neste ano, foi assinado um acordo para que a disputa fosse resolvida por uma corte internacional, o que nunca aconteceu.
Uma demanda da Guiana para que o caso seja decidido pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) tramita desde 2018.
A disputa se tornou mais tensa a partir de dezembro do ano passado, quando, num referendo questionado, a Venezuela aprovou medidas para a anexação do Essequibo. Desde então, o chavismo aprovou a criação de um estado venezuelano e de uma área de segurança na área, entre outras medidas.
A reivindicação venezuelana sobre a área vem desde o século XIX, mas a temperatura dessa disputa aumentou a partir de 2015, quando a empresa americana ExxonMobil localizou grandes reservas de petróleo no Essequibo.
A Guiana tem obtido os maiores índices de crescimento econômico do mundo graças a concessões para a exploração das riquezas da área, o que tem sido condenado por Caracas, que alega soberania sobre esses recursos. (Com Agência EFE)