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O ex-presidente argentino Alberto Fernández (2019-2023) disse nesta quarta-feira (24) que a Venezuela retirou um convite para ele fazer observação eleitoral durante o pleito presidencial do próximo domingo (28).
Num post no X, o peronista anexou a cópia de uma carta, datada de 12 de julho, na qual o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano o convidava a ir ao país. Entretanto, Fernández escreveu que na terça-feira (23) o regime do ditador Nicolás Maduro lhe pediu para que “não viaje e desista de cumprir a tarefa que me foi confiada pelo Conselho Nacional Eleitoral”.
“A razão que me foi apresentada é que, na opinião daquele governo, as declarações públicas feitas por mim para um meio de comunicação nacional causaram desconforto e levantaram dúvidas sobre a minha imparcialidade. Eles entenderam que a coincidência com o que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, havia expressado um dia antes gerou uma espécie de desestabilização do processo eleitoral”, afirmou o peronista.
Na terça-feira, Fernández havia falado, em entrevista à Rádio Con Vos, que Maduro deveria aceitar o resultado caso seja derrotado no domingo. O oposicionista Edmundo González lidera a maioria das pesquisas.
“Se ele [Maduro] for derrotado, o que ele tem que fazer é aceitar, como disse Lula: ‘Quem ganha, ganha, e quem perde, perde’, ponto final, acabou. Assim é a democracia”, disse Fernández na entrevista.
A declaração de Lula a que Fernández fez referência foi dada pelo brasileiro numa entrevista a agências de notícias na segunda-feira (22) no Palácio do Planalto. O petista disse ter ficado “assustado” com a fala de Maduro sobre um “banho de sangue” na Venezuela caso seja derrotado.
“Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”, afirmou Lula. Em resposta, Maduro disse ao brasileiro para tomar “um chá de camomila” e que as eleições no Brasil não são auditadas.
No seu post no X nesta quarta-feira, Fernández disse não entender “tal desconforto”. “Eu apenas disse que numa democracia, quando o povo vota, ‘quem ganha, ganha, e quem perde, perde’, e se o partido no poder fosse eventualmente derrotado, deveria aceitar o veredito popular. A oposição deverá fazer o mesmo caso o resultado seja adverso”, afirmou o peronista.
“Dado o pedido insólito, considerei conveniente não viajar [à Venezuela] e não dar motivo para ser acusado de querer atrapalhar um importante dia eleitoral, quando procurava apenas cumprir a tarefa de observador eleitoral”, acrescentou Fernández.