A Justiça venezuelana começa a ouvir no Palácio da Justiça os opositores ao governo de Nicolás Maduro que ainda estão presos após o desmantelamento de quatro acampamentos na quinta-feira (8), em Caracas. Um policial morreu e 243 manifestantes foram detidos. O local é a sede dos tribunais penais da área administrativa da capital.
Inicialmente, quatro tribunais penais seriam deslocados para o Core 5, onde estão os presos de dois acampamentos, para a realização das audições. O motivo da mudança para o Palácio da Justiça não ficou claro, mas foi questionado pela advogada do Fórum Penal Venezuelano, uma ONG que apoia às manifestações antigoverno no país, Noeli Álvarez.
Com a notícia, dezenas de familiares dos opositores presos se reuniram em frente ao Palácio da Justiça em busca de informação dos presos, a maioria composto por estudantes. Segundo eles, havia falta de informação sobre o local onde estavam os detidos.
Às 15h30 de Brasília (14h em Caracas), 36 detidos no acampamento de Bolívar de Chacao foram para o Palácio. Outros seis, detidos em Santa Fé, eram esperados no local, segundo informações da diretora da ONG Fundeci, Elenis Rodríguez.
A defensora pública Gabriela Ramírez afirmou que todos os detidos terão direito à ampla defesa e que quatro jovens com deficiência auditiva foram soltos. Exames de sangue, porém, foram recolhidos dos detidos e noticiados pela imprensa local. Das 190 provas feitas, 49 "deram positivo para o consumo de drogas".
Segundo o governo venezuelano, os acampamentos eram ilegais. Para os opositores, porém, eles são uma continuidade da estratégia legítima de forçar com o barricadas o fechamento do tráfego de ruas e praças até que Nicolás Maduro renuncie à presidência.
Embora Ramírez afirme que os direitos humanos de todos os detidos estejam sendo respeitados, um projeto de sanção avança na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Após ser aprovada na Comissão de Justiça, o projeto de sanção contra autoridades do governo Maduro (como congelamento de bens e suspensão de vistos) deve ser votada no plenário. Se aprovada, a medida teria que passar ainda pelo Senado. Propostas similares já fracassaram anteriormente.
A congressista republicana Ileana Ros-Lehtinen, autora do projeto, afirmou que a aprovação "envia uma forte mensagem a Maduro que o Congresso dos EUA está atento às atrocidades cometidas pelo regime dele". Ela se refere as 42 mortes e centenas de prisões consideradas arbitrárias pelos opositores ocorridas desde que os protestos começaram em 12 de fevereiro.
O governo venezuelano, porém, rechaçou a iniciativa e sustenta que a maior parte das mortes são de apoiadores de Maduro vítimas de grupos armados de direita ou da violência dos manifestantes.
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