As autoridades venezuelanas anunciaram a libertação de 43 pessoas, entre elas alguns opositores ao governo de Nicolás Maduro, na continuação do plano de libertações massivas que o presidente anunciou no início do mês, em uma tentativa de diminuir as tensões políticas no país. O grupo se soma a mais de 80 presos que têm sido soltos nas últimas duas semanas, dos quais 53 são presos políticos, segundo estimativas de ativistas de direitos humanos.
O procurador-geral nomeado pela Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou a libertação dos presos durante um ato na Chancelaria. Inicialmente, ele disse que 40 pessoas seriam soltas, mas o número foi ajustado para 43. Com essa nova leva, houve mais de 200 liberações nos últimos seis meses, diz o procurador. "Concluímos essa importante etapa para o grande diálogo nacional, em prol da união entre todos os venezuelanos", acrescentou a presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez.
As libertações foram aplaudidas pelo líder e deputado de oposição Jorge Millán. Segundo ele, a coalizão opositora celebra a libertação de presos políticos que se comprometeram a mudar a Venezuela. Porém, ativistas de direitos humanos criticaram o processo alegando que muitos dos presos políticos não receberam plena liberdade e são obrigados a aparecer periodicamente nos tribunais, não podem deixar o país e não podem fazer declarações à mídia ou nas redes sociais.
Prisões continuam
Os ativistas também afirmam que, nos últimos dias, outros opositores e soldados acusados de promover complôs foram presos, contabilizando um total de 300 presos políticos.
Entre os presos libertados no início deste mês, estão o ex-prefeito da cidade de San Cristóbal, Daniel Ceballos, os deputados Gilber Caro e Renzo Prieto, e Raúl Emilio Baduel, filho do ex-ministro da Defesa e general aposentado Raúl Isaías Baduel, que continua detido em uma das unidades da capital do Serviço Nacional de Inteligência Bolivariano.
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As autoridades afirmam que as libertações fazem parte de um processo de "reconciliação nacional" que Maduro estimulou após sua reeleição em maio. Ativistas de direitos humanos e opositores acusam o presidente de usar as libertações para melhorar sua imagem diante dos questionamentos contra as eleições presidenciais, que não foram reconhecidas pela maioria dos países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) e rejeitadas pela União Europeia.
Problemas em série
Maduro enfrenta desafios em seu governo em meio a uma crise econômica e social que tende a se agravar diante da hiperinflação, da escassez de alimentos e remédios, da queda da produção de petróleo - que é a principal fonte de renda do país - e dos problemas financeiros da estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA). Após sete meses de hiperinflação, a Assembleia Nacional - comandada pela oposição - estima que, em maio, alcançou-se uma taxa anual de 24.571%, e os preços cresceram em um ritmo diário de 2,4%.
As dificuldades econômicas também têm provocado uma crise social e problemas de saúde entre os venezuelanos, revelou um informe publicado nesta quarta-feira pela organização humanitária Programa Venezuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos. O estudo indica que, em 2017, 9 em cada 10 venezuelanos não podiam pagar sua alimentação diária, e 8,2 milhões de pessoas ingeriram duas ou menos refeições por dia. O relatório também afirma que existe uma emergência no setor da saúde que se evidencia na aparição, no ano passado, de novas epidemias, com 1.040 casos de difteria, 773 de sarampo e 400 mil casos de malária.
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