A Venezuela terá três novas cédulas, de 10 mil, 20 mil e 50 mil bolívares, informou o Banco Central da Venezuela (BCV) nesta quarta-feira (12).
Segundo o BCV, as novas cédulas estarão vigentes a partir da quinta-feira, 13, e começam a circular paulatinamente.
Com a hiperinflação e a constante desvalorização do bolívar na Venezuela, a moeda perde poder de compra diante dos aumentos quase diários dos preços dos produtos.
A nota de 50 mil bolívares, que passa a ser a de maior denominação no país, equivale a US$ 8,14, ou cerca de R$ 31,50. Esse valor é maior do que o salário mínimo do país, que hoje é de 40 mil bolívares (cerca de US$ 6,50 ou R$ 25), o que equivale ao preço de cerca de dois quilos de carne na Venezuela.
A Venezuela viu várias transformações no sistema monetário do país nos últimos 20 anos. Em 2008, Hugo Chávez implantou o "Bolívar Forte", que suprimiu três zeros da moeda. Em 2016, com Nicolás Maduro no poder, o BCV acrescentou seis cédulas ao sistema. Em agosto de 2018, houve a supressão de cinco zeros na moeda, que passou a se chamar "Bolívar Soberano". Naquele momento, a nota de 500 bolívares valia cerca de US$ 8,30; hoje, equivale a apenas alguns centavos da moeda americana.
Parte da impressão dessas cédulas estava a cargo da empresa inglesa De La Rue, que informou em um relatório anual que o BCV tinha com a empresa uma dívida de US$ 22,86 milhões, segundo o jornal El Nacional. A companhia disse que o BCV tem problemas para fazer as transferências dos pagamentos devido às sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela.
O anúncio das novas cédulas veio poucos dias após o Banco Central da Venezuela publicar dados sobre a economia do país, em 28 de maio, após mais de três anos de silêncio.
Somando os oito zeros que foram cortados pelos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro na moeda venezuelana, a nova nota de 50 mil bolívares equivaleria a 5.000.000.000.000 de antes da reconversão monetária feita em 2008.
Produção paralisada
No primeiro trimestre de 2019, 96% das empresas venezuelanas paralisaram ou diminuíram sua produção, devido aos apagões, à escassez de gasolina e à restrição de créditos, segundo uma pesquisa de uma associação industrial venezuelana divulgada nesta terça-feira (11). O estudo diz que 14% das empresas encerraram completamente as suas atividades.
A situação é ainda mais crítica considerando que quatro de cada cinco companhias do país fecharam desde a entrada do chavismo no poder duas décadas atrás, disse Juan Pablo Olalquiaga, presidente da Confederação Venezuelana de Industriais, ao apresentar o estudo para a imprensa local.