Caracas As eleições na Venezuela foram marcadas ontem por um clima de tranqüilidade e pelo comparecimento maciço dos eleitores às urnas.
A alta participação nas primeiras horas do dia e o ambiente de normalidade nos centros de votação, apesar das longas filas, foram os fatores mais destacados nessa eleição, em que 16 milhões de venezuelanos foram convocados para eleger o chefe do governo nos próximos seis anos.
Em uma tentativa de não desencadear confusões, os meios de comunicação venezuelanos cumpriram o compromisso de não divulgar pesquisas de boca-de-urna, como foi pedido pelo Conselho Nacional Eleitoral CNE.
Diretores do CNE afirmaram que estas eleições serão "um marco de participação", embora não tenham fornecido porcentagens oficiais. Segundo fontes do CNE, o comparecimento pode ser de mais de 70%.
Os dois principais candidatos o presidente Hugo Chávez, que tenta a reeleição, e o governador do Estado de Zulia, Manuel Rosales ressaltaram em suas declarações o "civismo" da população, e a resposta às convocações às urnas.
Em Caracas, o fluxo de eleitores foi grande, tanto nos bairros de classe média e alta, onde Rosales conta com mais simpatizantes, como nos bairros populares, nos quais se concentram majoritariamente os eleitores de Chávez.
O presidente, com sua proposta de "aprofundar" o processo rumo ao que chama de "socialismo do século 21", votou em um centro de um populoso bairro de Caracas, onde advertiu sobre a necessidade de aceitar "com democracia e maturidade política" os resultados apontados pelas urnas.
Chávez, que a maioria das pesquisas publicadas antes do domingo passado, data-limite para sua difusão apontam como favorito, se mostrou sorridente em suas breves declarações à imprensa, ao sair da sessão eleitoral em que chegou dirigindo um Fusca vermelho, cor que caracteriza o "chavismo".
Rosales, por sua vez, votou em Maracaibo, capital de seu estado natal de Zulia, em meio a um enorme alvoroço dos meios de comunicação e de partidários, que o cumprimentaram sob o grito de "Se atreva", seu lema de campanha.
Rosales, que quer dar um novo rumo ao país, em direção a uma "democracia social", denunciou atrasos e supostos problemas com o sistema automatizado de votação em regiões na quais supostamente é favorito, e pediu ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que agilize o processo.
Os membros do CNE lembraram aos eleitores que o sistema eletrônico de votação aplicado na Venezuela foi aprovado por especialistas e representantes de todos os partidos, e que é absolutamente "confiável".