Os consumidores venezuelanos precisam esperar horas ou andar quilômetros para comprar papel higiênico nos supermercados. O produto voltou às prateleiras nesta semana após a aprovação da importação de mais de 39 milhões de rolos pelo governo do presidente Nicolás Maduro, na semana passada.
A medida foi anunciada no último dia 15 e ampliada na quarta-feira por um pacote destinado à importação emergencial de produtos de higiene pessoal de 700 milhões de bolívares (R$ 162 milhões). Além do papel higiênico, fraldas, absorventes e sabonetes estão entre os artigos mais afetados pelo desabastecimento.
Segundo o jornal El Nacional, donas de casa e outros consumidores faziam longas filas por volta das 8h na porta de um supermercado da zona leste de capital Caracas para comprar o produto, que começou a ser racionado há três semanas.
Por volta das 11 h, as filas chegavam ao final dos corredores, todos esperando para levar o produto, que foi limitado a três pacotes de quatro rolos por pessoa, pelo preço de 49 bolívares cada um (R$ 16). Os moradores também levavam outros produtos racionados, como farinha de milho, toalhas de papel, óleo e manteiga.
Desabastecimento
A escassez de produtos básicos é atribuída pelo presidente Nicolás Maduro aos empresários que, segundo ele, estão aliados à oposição para desabastecer o país e gerar insatisfação popular. Para os chavistas, a situação criaria um golpe militar para derrubar o governo.
Desde o terceiro mandato de Chávez, em 2006, o país congelou preços e limitou a oferta de diversos produtos para tentar controlar a inflação, que é de cerca de 30%. A variação de preços e fornecimento manteve o índice em níveis elevados nos últimos anos.
Na semana passada, o governo aprovou medidas para aumentar a produção de alimentos, em setores como os hortifrutigranjeiros, açúcar e óleo de girassol. Ao mesmo tempo, aprovou um aumento de 20% para laticínios e carnes de frango e boi.
Outro ponto polêmico é a falta de farinha de milho, principal ingrediente da arepa, base da alimentação dos venezuelanos. O governo de Maduro acusa a maior fabricante do alimento do país, a Alimentos Polar, e seu dono, Lorenzo Mendoza, de restringir a demanda para pressionar uma revolta.