Soldado venezuelano faz patrulha na favela de Petare, em Caracas. O governo colocou cerca de 3 mil militares nas ruas da capital para conter a criminalidade| Foto: Jorge Silva/Reuters

Violência

Presidente pede rapidez na consolidação de milícias de trabalhadores

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu na noite de quinta-feira a consolidação das milícias de trabalhadores, criadas durante o governo de Hugo Chávez, com a ajuda das Forças Armadas para fortalecer a defesa do país. O anúncio é feito em meio ao aumento da tensão entre a oposição e o governo, causada pela suspeita de fraude na eleição presidencial de abril.

No pleito, o herdeiro político de Chávez se elegeu com uma diferença de 1,5 ponto porcentual em relação ao opositor Henrique Capriles.

Em discurso ao lado de autoridades militares, Maduro pediu o avanço rápido na implementação das milícias de trabalhadores, como parte da Milícia Nacional Bolivariana, força composta por reservistas e voluntários que faz parte das Forças Armadas venezuelanas.

O objetivo "é fortalecer a aliança operária militar" e obter um maior respeito para a classe trabalhadora. "Serão ainda mais respeitados se as milícias tiverem 300 mil, um milhão, dois milhões de trabalhadores e trabalhadoras uniformizados e armados, preparados para a defensa da soberania e da revolução", disse.

As milícias de trabalhadores foram um recurso usado por diversos partidos políticos e regimes de inspiração socialista desde o século 19. Dentre as mais conhecidas, estão os Camisas Negras, grupo italiano ligado ao ditador Benito Mussolini, e os Montoneros, na Argentina, aliados de Juan Domingo Perón.

O temor é que esses grupo aumente a tensão e a violência na Venezuela, agravada pelo desabastecimento e a crise no setor energético.

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R$ 162 milhões

foram liberados pelo governo venezuelano para a importação emergencial de produtos de higiene, como papel higiênico, fraldas, absorventes e sabonetes.

Os consumidores venezuelanos precisam esperar horas ou andar quilômetros para comprar papel higiênico nos supermercados. O produto voltou às prateleiras nesta semana após a aprovação da importação de mais de 39 milhões de rolos pelo governo do presidente Nicolás Maduro, na semana passada.

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A medida foi anunciada no último dia 15 e ampliada na quarta-feira por um pacote destinado à importação emergencial de produtos de higiene pessoal de 700 milhões de bolívares (R$ 162 milhões). Além do papel higiênico, fraldas, absorventes e sabonetes estão entre os artigos mais afetados pelo desabastecimento.

Segundo o jornal El Nacional, donas de casa e outros consumidores faziam longas filas por volta das 8h na porta de um supermercado da zona leste de capital Caracas para comprar o produto, que começou a ser racionado há três semanas.

Por volta das 11 h, as filas chegavam ao final dos corredores, todos esperando para levar o produto, que foi limitado a três pacotes de quatro rolos por pessoa, pelo preço de 49 bolívares cada um (R$ 16). Os moradores também levavam outros produtos racionados, como farinha de milho, toalhas de papel, óleo e manteiga.

Desabastecimento

A escassez de produtos básicos é atribuída pelo presidente Nicolás Maduro aos empresários que, segundo ele, estão aliados à oposição para desabastecer o país e gerar insatisfação popular. Para os chavistas, a situação criaria um golpe militar para derrubar o governo.

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Desde o terceiro mandato de Chávez, em 2006, o país congelou preços e limitou a oferta de diversos produtos para tentar controlar a inflação, que é de cerca de 30%. A variação de preços e fornecimento manteve o índice em níveis elevados nos últimos anos.

Na semana passada, o governo aprovou medidas para aumentar a produção de alimentos, em setores como os hortifrutigranjeiros, açúcar e óleo de girassol. Ao mesmo tempo, aprovou um aumento de 20% para laticínios e carnes de frango e boi.

Outro ponto polêmico é a falta de farinha de milho, principal ingrediente da arepa, base da alimentação dos venezuelanos. O governo de Maduro acusa a maior fabricante do alimento do país, a Alimentos Polar, e seu dono, Lorenzo Mendoza, de restringir a demanda para pressionar uma revolta.