A oposição ao ditador venezuelano, Nicolás Maduro, iniciou às 6h (7h em Brasília) desta quarta-feira (16) uma greve geral de 48 horas para pressionar o governo contra a convocação da Assembleia Constituinte, cujos membros serão escolhidos em votação no domingo (30).
Algumas vias de Caracas e de outras cidades do país amanheceram bloqueadas. Moradores de Ciudad Bolívar, a 580 quilômetros de Caracas, relataram terem sido reprimidos pela polícia com gás lacrimogêneo.
A greve geral é a maior iniciativa contra o governo Maduro desde o plebiscito informal organizado no dia 16, no qual 7,5 milhões de venezuelanos expressaram rechaço à Constituinte, segundo a oposição.
Opositores afirmam que a Constituinte é uma tentativa de Maduro de se manter no poder apesar de seus baixos índices de popularidade. Eles convocaram a população a boicotar a votação, que ocorrerá de maneira territorializada e setorializada.
"Eu os convido a não serem cúmplices da aniquilação da República, de uma fraude constitucional, da repressão", afirmou em vídeo o líder opositor Leopoldo López, em prisão domiciliar desde 8 de julho depois de passar três anos e cinco meses na prisão acusado de incitar protestos violentos.
Maduro enfrenta uma onda de saques e protestos que já deixou mais de 100 mortos desde abril. A convocação da Constituinte, feita em maio, foi apresentada pelo líder chavista como uma saída para "pacificar" o país, mas a iniciativa acabou gerando novas manifestações.
Na terça-feira (25), o presidente pediu em comício pela Constituinte que os eleitores apresentem na votação seu "carnê da pátria", espécie de identidade digital que dá aos beneficiários de programas sociais acesso a alimentos, cujo abastecimento vem sofrendo cortes no país.
"Carnê da Pátria na mão, todo mundo com seu carnê da pátria e sua identidade. Na porta das seções eleitorais, vamos checar todos os carnês, para saber se todos votaram", afirmou Maduro.
A oposição diz que a exigência de apresentação do cartão é um mecanismo de controle social com objetivos políticos.
Cuba
O governo de Cuba negou nesta quarta-feira que pretenda mediar a crise política na Venezuela.
No início do mês, o jornal "Financial Times" reportou que o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, viajou a Havana para pedir ao ditador Raúl Castro, um dos principais aliados de Maduro, que interceda junto à Venezuela para conter a violência no país.
"Cuba rejeita categoricamente essas insinuações e reitera o respeito absoluto pela soberania e autodeterminação da República Bolivariana da Venezuela", afirmou José Ramón Machado Ventura, segundo secretário do Partido Comunista cubano.
"Cabe apenas ao povo bolivariano e ao governo resolver suas dificuldades sem intervenção externa em seus assuntos internos."