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O naufrágio de um barco clandestino saindo da Venezuela com destino a Trinidad e Tobago deixou pelo menos 28 mortos. O número de venezuelanos que perderam a vida na tragédia foi confirmado pelo procurador-geral do regime, Tarek William Saab, em entrevista coletiva.
O barco saiu de Güiria, uma pequena cidade litorânea no nordeste da Venezuela, em 6 de dezembro com cerca de 30 pessoas que desejavam se reunir com suas famílias no Natal, segundo informações. Os primeiros corpos foram encontrados no fim de semana a cerca de 13 quilômetros de Güiria.
O naufrágio aconteceu logo após outro grupo de venezuelanos – a maioria crianças – ter desaparecido em alto mar por dois dias. Eles foram enviados de volta à Venezuela pelas autoridades de Trinidad logo após chegarem à ilha.
“Todas as forças de segurança estão investigando esses eventos. Não descartamos que haja ligações com gangues criminosas da região”, afirmou o regime venezuelano em nota.
Da cidade de Güiria saem diversos barcos ilegais com venezuelanos que buscam emigrar para Trinidad e Tobago para escapar da longa crise política e econômica do país. As viagens muitas vezes são feitas em barcos precários e com excesso de peso. Mais de 100 pessoas desapareceram neste percurso entre 2018 e 2019.
O parlamentar da oposição Robert Alcalá afirma que as viagens ilegais a Trinidad são feitas por máfias de tráfico de pessoas. Segundo ele, as saídas clandestinas não foram interrompidas devido à cumplicidade das autoridades.
Para o codiretor da plataforma El Barómetro de Xenofobia, Julio César Daly, os principais responsáveis pela tragédia são a Marinha e as forças de segurança da Venezuela. “São eles que devem garantir a segurança nas costas e que os protocolos de segurança sejam cumpridos para poder embarcar”, afirma.
Gustavo Tarre Briceño, representante especial da Venezuela junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), anunciou que o governo interino de Juan Guaidó solicitará à Comissão Interamericana de Direitos Humanos uma investigação sobre o tratamento dos migrantes venezuelanos em Trinidad e Tobago.
Briceño também afirmou que a tragédia dos migrantes venezuelanos é responsabilidade de Nicolás Maduro. “Os países que querem olhar para o outro lado, e não buscar as causas onde estão, devem refletir muito”, disse.