Os venezuelanos irão às urnas para eleger novos legisladores neste domingo, em uma votação que pode punir o Partido Socialista pela longa crise econômica que atinge o país e reforça as chances de vitória da oposição contra o impopular presidente Nicolas Maduro.
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As pesquisas mostram frustração com a crônica falta de produtos e inflação em alta, sinalizando que os venezuelanos podem dar aos socialistas a primeira derrota no parlamento desde que o fundador do movimento, Hugo Chávez, chegou ao poder em 1999.
Levar a maioria dos 167 assentos da Assembleia Nacional não daria à oposição o poder de reformar a economia em dificuldades liderada pelo Estado. Mas quebraria a aura de invencibilidade eleitoral do Partido Socialista, encorajando a oposição a buscar a revogação do mandato de Maduro em 2016.
Maduro fala em dia da ‘vitória do povo’ e pede que eleitores votem
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, usou seu perfil no Twitter para pedir que os eleitores votem nesse domingo nas eleições legislativas que vão definir a configuração da Assembleia Nacional. “Chegou o dia e a hora da vitória do povo, vamos fé no futuro de nossa pátria”, escreveu o presidente chavista, que tem um cenário pouco favorável nas urnas neste domingo.
Os 14,5 mil centros de votação foram abertos às 6h (08h30 de Brasília) para receber cerca de 19,5 milhões de eleitores. A votação está prevista para acabar às 18h (20h30 de Brasília).
Maduro fez referência ainda ao Toque de Diana, que toca tradicionalmente no nascer do sol do dia de votação. “Vamos povo de libertadores e libertadoras, façamos história grande. Os [apoiadores] de Chávez a votar para uma vitória perfeita e esplêndida da pátria e que soe a Diana Carabobo com a força do furacão bolivariano. É o despertar da história. Ganhe Chávez”, continuou Maduro.
O pleito para definir a composição da Assembleia Nacional unicameral é o primeiro confronto eleitoral em que o grande projeto de redistribuição da renda petroleira criado pelo tenente-coronel Hugo Chávez (1954-2013) chega sem ser favorito.
De acordo com uma pesquisa realizada em novembro pelo instituto Datanalisis, 55,6% dos eleitores apoiam os candidatos da oposição, e apenas 36,8% manteriam o apoio aos chavistas.
Ex-motorista de ônibus e ministro das Relações Exteriores, Nicolas Maduro, 53 anos, passou semanas em campanha eleitoral, participando de comícios com candidatos pró-governo. “Eles dizem que estão ganhando nas pesquisas - é a mesma história nos últimos 17 anos”, atacou Maduro, em um evento. “Deixem eles com as pesquisas, nós vamos ganhar nas ruas”.
O Datanalisis mostra que a popularidade de Maduro subiu 11 pontos em novembro, atingindo 32,3%, o que pode ser resultado da intensa campanha.
Apesar do otimismo da oposição, o Partido Socialista ainda se beneficia de uma distribuição geográfica das cadeiras do parlamento que favorece áreas rurais historicamente pró-governo ante cidades.
Efeito
O impacto prático de uma possível vitória da oposição dependeria de quão grande seria a maioria obtida na disputa.
Com dois terços dos assentos, a oposição teria a chance de demitir ministros, bem como diretores do Conselho Nacional Eleitoral, acusados de favorecer chavistas.
Além disso, com uma maioria simples, os legisladores poderiam votar uma lei de anistia para buscar a libertação de presos políticos, como Leopoldo Lopez, preso em 2014 por liderar protestos anti-governo.
Poderiam, também, abrir investigações de agências estatais, interrogar ministros e pressionar pela publicação de indicadores econômicos como a taxa de inflação, que foram mantidos em segredo enquanto a economia degringolava.
Mandato
A eleição, no entanto, não terá impacto imediato sobre o mandato de Maduro, que termina no início de 2019. Os opositores podem tentar destituí-lo por meio de um referendo em 2016.
A eleições ocorrem logo após o escândalo causado pela detenção nos Estados Unidos de dois sobrinhos da primeira-dama Cilia Flores, acusados de traficar cocaína.
“Se a oposição obtiver a maioria dos votos, poderia iniciar as investigações sobre o envolvimento de funcionários de alto nível no tráfico de drogas, mesmo com Maduro ainda no poder”, disse Mike Vigil, ex-chefe de Operações Internacionais da agência anti-drogas dos Estados Unidos.
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