Passeata contra fechamento de TV na Venezuela
A manifestação atravessou as principais ruas da capital.
Quase 70 por cento dos venezuelanos são contra o iminente fechamento da emissora oposicionista RCTV, mas estão mais preocupados em ficar sem novelas do que com a liberdade de expressão, segundo uma pesquisa divulgada na quinta-feira.
O presidente Hugo Chávez prometeu não renovar a concessão da RCTV, emissora abertamente de oposição, que vence no dia 27, o que despertou críticas de que o líder socialista estaria violando a liberdade de imprensa.
Pesquisa feita neste mês pelo instituto Datanálisis mostrou que um pouco mais de 69 por cento dos 2.000 entrevistados em seus domicílios são contra o fechamento do canal, enquanto apenas 16 por cento o apóiam, e 14 por cento não responderam. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
Luis Vicente León, diretor do Datanálisis, disse que os venezuelanos em geral são contra o fim do canal porque adoram programas como o humorístico "Radio Rochela", e 81 por cento dos entrevistados têm uma imagem positiva da RCTV.
"A rejeição ao fechamento da RCTV não tem nada a ver com a violação da liberdade de expressão", disse León a jornalistas. Muitos dos entrevistados se queixaram da redução de opções na programação televisiva.
A RCTV apoiou abertamente a tentativa de golpe militar de 2002 contra Chávez, e ainda hoje faz duras críticas ao presidente em seus noticiários e programas opinativos.
A pesquisa foi feita por encomenda de um grupo empresarial, e por isso os dados não devem ser inteiramente divulgados.
León, ele próprio crítico contumaz do governo, disse aos jornalistas que uma outra pesquisa, feita em março, apontou 64,7 por cento de aprovação popular a Chávez, no mesmo patamar de dezembro, quando o presidente foi reeleito.
Os pobres, maioria da Venezuela, continuam formando a base de apoio de Chávez, mas nem por isso deixam de apreciar as novelas e humorísticos da RCTV, onde há eventuais paródias a Chávez e muitas mulheres seminuas.
O governo qualifica a programação da emissora de "pornografia," e Chávez promete usar sua freq¼ência para canais comunitários.
"Não apoio que fechem essa emissora", disse o segurança William Fernández, 39, morador de um morro de Caracas onde a recepção de TV é ruim. "Assisto minha novela toda noite."
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