Os incêndios florestais voltaram a ganhar força em Portugal na tarde desta quarta-feira, desafiando os prognósticos de que o tempo mais frio pudesse trazer alívio a uma das piores secas da História do país. No início da quarta-feira, uma forte neblina deu esperanças de que o combate às chamas ganharia força.
O forte calor e os ventos fortes voltaram a inflamar pelo menos três focos de incêndio em uma faixa de 20 Km perto de Miranda do Corvo, uma cidade situada cerca de 180 Km ao norte de Lisboa, disseram os bombeiros.
Em todo o país, sete focos de incêndio estavam fora de controle, disse o serviço nacional contra incêndios. A neblina durante a manhã ajudou a diminuir algumas chamas, mas as brasas foram alimentadas por uma ventania que atingiu a região logo depois. Fumaça, poeira e o terreno acidentado também dificultavam o combate aos enormes incêndios florestais.
Kai Uwe Matz, superintendente da Polícia Federal e integrante da equipe Super Puma, disse que nunca viu incêndios tão extensos quanto os que está combatendo nas montanhas centrais de Portugal, castigadas pela seca, considerada a pior do país em cerca de 50 anos.
- Pela manhã tentamos combater o fogo, mas foi impossível por causa da fumaça e da poeira nos vales. Não tínhamos visibilidade para operar - disse Matz, depois de ter passado a tarde toda lançando água sobre os focos de incêndio. - Há muitos incêndios, alguns muito próximos às casas. Estamos lutando contra um foco e o extinguimos. Quando saímos, novos focos aparecem - disse Matz.
Quando os três grandes helicópteros Super Puma alemães atuam juntos, correm o risco de se chocar, contou o piloto alemão. Segundo ele, s incêndios portugueses são muito maiores que os que já viu na Alemanha. Um comandante do corpo de bombeiros de Portugal disse a ele que os incêndios estão sendo iniciados por "terroristas", de forma criminosa.
O perigo do combate ao fogo pelo ar ficou mais evidente com a queda de uma aeronave portuguesa. Os bombeiros responsabilizaram uma falha mecânica, e o piloto espanhol escapou ileso.
Matz e sua equipe de alemães fazem parte da resposta da União Européia ao pedido de ajuda feito por Portugal. A Espanha, a França, a Itália e a Holanda também mandaram aeronaves.
O fotógrafo da Reuters Nacho Doce, que acompanhou Matz em uma missão, disse que aeronaves equipadas com baldes gigantes estavam jogando água sobre o fogo de cinco em cinco minutos, depois de se reabastecer em reservatórios escassos.
- Quando eles sobrevoam, os bombeiros gritam: 'Aqui, aqui, jogue aqui' - contou. - Está tudo devastado - acrescentou.