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Aquecimento global

Verão de 2100 pode ser tão quente quanto o de 130 mil anos atrás

Dois estudos publicados na edição de sexta-feira da revista "Science" alertam: o que parecia ruim, pode ser ainda pior. Segundo o primeiro deles, desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Arizona, se for mantida a velocidade de degelo atualmente registrada no Ártico e na Antártida, o verão de 2100 será tão quente quanto o de 130 mil anos atrás, o que provocaria um dramático aumento do nível dos mares. Já o segundo, realizado por cientistas do Arizona e de Harvard, mostra que o derretimento das geleiras, além de aumentar significativamente o nível dos oceanos, pode provocar "terremotos glaciais" em zonas polares.

- Há 130 mil anos, houve um aumento da radiação solar sobre o Ártico, causada por leves mudanças na órbita da Terra em torno do Sol, o que provocou um aumento de cerca de cinco graus centígrados na temperatura global - explicou Shawn Marshall, especialista em geleiras da Universidade de Calgary - Hoje, o mesmo aquecimento vem sendo registrado, só que desta vez as causas não são naturais. O homem, através da emissão de dióxido de carbono e outros gases tóxicos, está favorecendo o estabelecimento de condições climáticas similares às daquela época.

Segundo Bette Otto-Bliesner, cientista da Universidade do Arizona, a emissão de gases tóxicos na atmosfera poderia aumentar a temperatura do Ártico em três a cinco graus centígrados no verão. A mesma variação, registrada 130 mil anos antes, provocou a elevação do nível do mar em cerca de seis metros.

- As plataformas de gelo derreteram e o nível dos mares aumentou. As condições climáticas atuais são favoráveis para que o fenômeno volte a acontecer - afirmou a pesquisadora - Apesar de o nosso trabalho se concentrar nos pólos, as implicações são globais.

Outro estudo publicado na revista científica mostra que o derretimento das geleiras pode provocar "terremotos glaciais". O trabalho desenvolvido por cientistas das universidades de Harvard e Columbia, soma-se a outras pesquisas divulgadas recentemente pela "Science", que mostram a aceleração do degelo na Groelândia e a sensível redução da superfície gelada da Antártida.

De acordo com sismólogos, o "terremoto glacial" é um fenômeno causado pelo choque de enormes blocos de gelo que se deslocam pelos mares e podem provocar ondas símicas de magnitude de até 5,1 graus na escala Richter.

- Temos a impressão de que as geleiras são lentas ou mesmo inertes, mas a verdade é que elas se movimentam cada vez mais rápido - afirmou Goran Ekstrom, professor de geologia e geofísica da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Harvard - Há geleiras da Groenlândia que são grandes como a ilha de Manhattan e altas como o Empire State e podem se deslocar dez metros em menos de um minuto.

Os cientistas explicam que este aumento da velocidade de delocamento das geleiras está diretamente relacionado ao derramamento de água das geleiras no oceano. O aumento da temperatura global derreteria a parte mais alta dos blocos de gelo e a água acumulada na base se converteria em lubrificante para o deslocamento mais veloz das geleiras no mar.

- O resultado da nossa pesquisa sugere que as geleiras respondem às mudanças climáticas em uma velocidade maior do que se supunha - alertou Meredith Nettles, pesquisadora do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, da Universidade de Columbia.

Segundo os cientistas, apesar de o fenêmeno ser mais frequente na Groelândia, os "terremotos glaciais" também são comuns no Alasca e na Antártida.

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