O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, pediu nesta terça-feira, ao Brasil e outras nações para "adotar mais atitudes para isolar o regime de Maduro. Chegou a hora de agir com mais firmeza", disse. E acrescentou que, ao fazer isso, os países terão um "parceiro firme" na região. O recado claro foi transmitido após almoço com o presidente Michel Temer no Palácio Itamaraty.
Como o presidente Trump deixou claro, os Estados Unidos não serão meros observadores da situação
Pence agradeceu o "forte apoio" do Brasil às sanções econômicas adotadas por seu país e conclamou a liderança do Brasil em outras iniciativas para isolar o regime de Caracas. Ele ressaltou os esforços do Brasil para suspender a Venezuela do Mercosul, a atuação "preponderante" no Grupo de Lima e a aliança feita neste mês para iniciar o processo de suspensão da Venezuela da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A Venezuela, disse Pence, já foi um dos países mais ricos da região. Mas hoje está falida. "Outrora rica, está pobre. Antes livre, está pressionada. O colapso do país, disse ele, tem repercussão em toda a região. O regime de Maduro provocou o que chamou de "maior êxodo da história do hemisfério", com a saída de 2 milhões de pessoas da Venezuela.
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Ao informar que visitará nesta quarta um abrigo para refugiados venezuelanos em Manaus, o vice-presidente disse que os Estados Unidos já investiram US$ 20 milhões em programas para apoiar venezuelanos que deixaram seu país. Para os esforços humanitários, foram doados US$ 40 milhões. E, nesta terça, ele anunciou um aporte adicional de US$ 10 milhões, dos quais US$ 1,2 milhão diretamente no Brasil.
Na avaliação de Pence, Maduro construiu uma "ditadura brutal", prendeu a oposição e negou ajuda aos mais vulneráveis. "Os Estados Unidos serão solidários ao povo da Venezuela e continuarão a trabalhar para responsabilizar Maduro", afirmou. "O povo venezuelano merece coisa melhor."
Sem sanções brasileiras
O ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirmou que o Brasil não vai impor sanções contra a Venezuela. Segundo ele, o tema da Venezuela está colocado onde deveria, na OEA (Organização dos Estados Americanos). Nós somos contra decisões unilaterais", disse.
O Brasil não aceita sanções. Eles (EUA) têm posição muito firme e não coincide exatamente com a nossa
Aloysio disse que houve avanços nas questões humanitárias e que vai trabalhar para que haja a união das famílias brasileiras que foram separadas na fronteira do país "o mais cedo possível". O ministro destacou que voltar para o Brasil ou não é uma decisão das famílias, mas aqueles que quiserem ficar nos EUA precisarão ter autorização judicial e alguém para acolhê-los.
"O Brasil poderá, inclusive, buscar as crianças se essa for a decisão da família. Muitas crianças já estão encontrando abrigo na casa de parentes. Essa decisão é da família. Se quiserem, o presidente Michel Temer colocou os meios que temos à disposição", disse.
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Aloysio afirmou que não viu o discurso de Pence como uma forma de intimidação do governo brasileiro, e sim como um pedido para que a legislação dos EUA seja respeitada. "Ele quis dizer "respeitem a lei norte americana". E é verdade. Quem quiser vir para o Brasil também precisa respeitar a legislação brasileira(...) Mas a legislação deles tem esse efeito que consideramos cruel e estamos trabalhando para que filhos possam se encontrar com pais", destacou.
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