Muro grafitado em Caracas traz palavras de apoio à recuperação de Chávez, cuja posse foi adiada| Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

O vice venezuelano, Nicolás Maduro, informou nesta terça-feira (8), em carta à Assembleia Nacional, que o presidente Hugo Chávez não tomará posse de seu novo mandato quinta-feira. Ele permanece internado em um hospital de Cuba em recuperação após uma cirurgia.

CARREGANDO :)

Conforme o comunicado lido pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, a equipe médica encarregada da saúde de Chávez indicou que a recuperação pós-cirúrgica deve se estender e, por isso, a posse está adiada.

Não há nenhuma previsão para a realização da cerimônia.

Publicidade

O anúncio acirra ainda mais as tensões entre situação e oposição, que já se enfrentam há várias semanas em torno da polêmica sobre o que acontece agora.Os chavistas afirmam que a cerimônia de posse na Assembleia Nacional é um formalismo, que pode ser cumprido posteriormente ante a Suprema Corte venezuelana. Portanto, defendem que o vice-presidente, Nicolás Maduro, continue no cargo por até seis meses - ou até que o atual mandatário volte de Cuba.

Mas a oposição pressiona para que Cabello assuma o cargo interinamente. Desta forma, ele fica obrigado a convocar novas eleições em até 30 dias.

Nesta terça, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), principal organização da oposição venezuelana, enviou uma carta à OEA (Organização dos Estados Americanos) alertando que qualquer cenário alternativo representaria uma ruptura democrática no país.

Nesta segunda, o assessor especial da Presidência brasileira Marco Aurélio Garcia disse que o Brasil apoia a tese chavista de que a posse pode ser adiada. Outros líderes da região também já demonstraram respaldo, em especial o boliviano Evo Morales e o uruguaio José Mujica, que anunciaram que viajarão a Caracas para comparecer a um ato de "não-posse" convocado pelos chavistas também na quinta.

Segundo o último boletim médico, divulgado na noite de ontem, Chávez está em "situação estável" em relação à insuficiência respiratória que teve após uma infecção pulmonar.

Publicidade

Em cadeia de rádio e televisão, o ministro da Comunicação venezuelano, Ernesto Villegas, leu um breve comunicado oficial no qual lembrou a "infecção pulmonar sobrevinda no curso do pós-operatório" e assegurou que "o tratamento vem sendo aplicado de forma permanente e rigorosa".Ele disse que pretende manter informada a população venezuelana sobre o presidente, no poder desde 1999, e pediu aos venezuelanos que ignorem as mensagens da "guerra psicológica que pretendem perturbar a família venezuelana".

O ministro não descarta que o presidente consiga voltar ao país para assumir o mandato para participar de uma celebração convocada pelos chavistas para quinta, que contará com a presença de presidentes de países aliados.