O líder interino do Iêmen propôs um novo plano para encerrar o impasse político no país, disse uma fonte da oposição nesta quinta-feira. Segundo a proposta, o presidente Ali Abdullah Saleh continuaria no poder por mais tempo do que o previsto em iniciativas anteriores.
O presidente Saleh, que viajou para a vizinha Arábia Saudita no mês passado depois de ser ferido em um atentado, vem exasperando dezenas de milhares de iemenitas ao agarrar-se ao poder, a despeito da pressão internacional e dos seis meses de protestos contra seu governo, no poder há 33 anos.
Uma iniciativa de países do Golfo que previa a renúncia de Saleh 30 dias após sua assinatura fracassou três vezes depois que o presidente recuou no último minuto, deixando o país em um limbo político.
Um líder da oposição disse que o vice-presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi, que comanda o país enquanto Saleh se recupera em Riad, procurou a oposição para propor uma alternativa à iniciativa do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).
"A essência dessas ideias é que se inicie o período de transição com a formação de um governo nacional liderado pela oposição e que a data da eleição presidencial seja adiada de dentro de 60 dias para um prazo mais longo, sem transferir o poder completamente ao vice-presidente", disse o membro da oposição, que falou com a Reuters sob a condição de anonimato, após um encontro com Hadi.
O novo plano é visto como retrocesso pela oposição, que esperava que a presidência de Saleh tivesse chegado ao fim quando ele deixou o país para receber tratamento médico depois de uma bomba explodir em seu palácio presidencial. Mas, enquanto líderes veteranos no Egito e na Tunísia cederam às exigências populares de que deixassem o poder, Saleh vem demonstrando ser um sobrevivente político astuto.
Um segundo oposicionista sênior disse que a oposição não vai abrir mão de suas reivindicações. "Estamos dispostos a receber a iniciativa positivamente, sob a condição de que o poder seja transferido antes para o vice-presidente". Hadi disse que isso seria difícil.
Um discurso gravado por Saleh, que não é visto desde o ataque, será transmitido "em questão de horas", disse o site do Ministério da Defesa. Depois de anúncios semelhantes feitos anteriormente, as mensagens prometidas não se concretizaram.
Violência
Pelo menos dez soldados foram mortos em novo ataque de militantes contra uma base do Exército perto da cidade de Zinjibar, no sul do país, onde uma brigada se encontra cercada há mais de um mês. Uma autoridade local disse que militantes começaram a disparar morteiros contra a base na noite de quarta-feira.
Nos últimos meses o sul do Iêmen vem mergulhando em violência, com militantes islâmicos suspeitos de ter vínculos com a Al Qaeda tomando duas cidades na província explosiva de Abyan, incluindo sua capital, Zinjibar.
Potências ocidentais e a Arábia Saudita temem que a Al Qaeda esteja aproveitando o vazio de segurança no Iêmen, desde a qual a Al Qaeda já lançou no passado ataques fracassados contra os Estados Unidos e um ministro do governo saudita.
Em um incidente separado, homens armados não identificados barraram um veículo que levava soldados e civis para a cidade de Lawdar, também em Abyan, e, quando encontraram as identificações militares dos soldados, mataram dez deles a tiros, informaram moradores locais.
Adversários de Saleh, que conquistou o apoio dos EUA por retratar-se como parceiro na luta contra a Al Qaeda, o acusam de deixar que os militantes avancem para convencer os Estados Unidos e a Arábia Saudita de que apenas ele poderá impedir uma tomada do país por militantes islâmicos.
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