A decisão da deputada Victoria Villarruel, candidata a vice-presidente da Argentina, de convocar um ato nesta segunda-feira (4) em homenagem às vítimas de atos terroristas perpetrados por grupos guerrilheiros de esquerda durante a década de 1970 desencadeou uma forte polêmica, com a rejeição contundente das organizações de direitos humanos, que defendem uma manifestação contrária.
Villarruel, que juntamente com o economista Javier Milei, da coalizão A Liberdade Avança, foi a chapa mais votada nas eleições primárias do mês passado, defende a realização do ato no Legislativo de Buenos Aires para “homenagem às vítimas” das ações das guerrilhas do Exército Revolucionário do Povo (ERP, extrema-esquerda comunista) e Montoneros (esquerda peronista). As duas organizações operaram na década de 1970 com repressão do Estado durante a ditadura militar argentina (1976-1983).
No ato convocado por Victoria Villarruel, deverão prestar depoimento familiares de vítimas de atos terroristas que permanecem impunes, como a mãe de um estudante de 18 anos assassinado em 1975 por um carro-bomba detonado por Montoneros, filha de um barman assassinado em 1974 pelo ERP, e filho de um militar sequestrado, torturado e assassinado em 1975 pelo ERP após 372 dias de cativeiro.
A convocação também possui um aspecto eleitoral pela possibilidade de Villarruel se tornar vice-presidente do país no próximo dia 10 de dezembro, mesmo dia em que a Argentina celebrará seu 40º aniversário do retorno à democracia.
O apelo de Victoria Villarruel, que em 2006 criou o Centro de Estudos Jurídicos sobre o Terrorismo e suas Vítimas (CELTYV), gerou forte repúdio por parte das organizações de direitos humanos, que convocaram uma manifestação, também para a segunda-feira (4), na entrada do Legislativo de Buenos Aires. As organizações descreveram o apelo como uma “provocação” que “não só nega e falsifica a verdade histórica, mas também ofende a memória coletiva”.
Pela rede social X (ex-Twitter), a candidata à vice-presidência respondeu os opositores neste domingo (3). “Eles se incomodam que peçamos direitos humanos para todos e que saibamos a verdade sobre o que os terroristas fizeram, eles querem nos intimidar com assédio e ameaças como nos anos 70. Eles não querem que a verdade seja conhecida, porque a esquerda é uma tirania transformada em ideologia, mas vamos honrar nossos mortos”, rebateu. (Com informações da Agência EFE)