Polícia reprime protesto em Istambul nesta terça-feira (4): para premiê turco, manifestantes são "saqueadores"| Foto: Stoyan Nenov/Reuters

O vice-primeiro-ministro da Turquia, Bulent Arinc, pediu desculpas pela violenta repressão contra um protesto ambiental, numa tentativa de acalmar os dias de manifestações contra o governo em todo o país. Arinc, que assumiu o controle do país enquanto o titular está fora do país, disse que a repressão foi "errada e injusta".

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Não estava claro, porém, se Arinc se pronunciou em nome do governo. O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, que está em visita ao Marrocos, Argélia e Tunísia, não endossou declarações de seus ministros no passado. Ele chegou a chamar os manifestantes de "saqueadores" e afirmou que os protestos são atos de extremistas.

Milhares de pessoas se juntaram aos protestos em todo o país desde sexta-feira, quando a polícia lançou um ataque durante a madrugada contra um protesto pacífico contra o projeto para cortar árvores num parque da cidade. Desde então, as manifestações se espalharam, transformando-se nos maiores protestos contra o governo dos últimos anos.

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Um homem de 22 anos morreu durante um protesto contra o governo numa cidade perto da fronteira com a Síria. Autoridades fizeram declarações conflitantes sobre o que causou sua morte.

Os manifestantes protestam contra o que consideram o estilo agressivo e autoritário de governo de Erdogan. Muitos o acusam de impor sua visão conservadora e religiosa no cotidiano do país que é de maioria muçulmana, mas tem fortes raízes seculares. Erdogan rejeita as acusações, dizendo que respeita todos os estilos de vida e afirma ser um "servo" e não o "mestre" do povo.

Nesta terça-feira Arinc declarou que "na primeira ação (de protesto), a violência excessiva exercida sobre as pessoas que estavam agindo por causa de suas preocupações ambientais foi errada e injusta". O vice-premiê disse também que "peço desculpas a esses cidadãos".

Arinc afirmou que o governo é "sensível" às exigências desta parte da sociedade que é em sua maioria urbana, mais voltada ao secularismo e que não votou no partido de Erdogan, que tem raízes islâmicas.

"Eu gostaria de dizer com toda a sinceridade que todos os estilos de vida são importantes para nós e somos sensíveis a eles."

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As declarações foram feitas após uma reunião com o presidente Abdullah Gul que, ao contrário de Erdogan, elogiou as manifestações, em sua maioria pacíficas, como uma expressão de seus direitos democráticos.

O escritório do governador da província de Hatay inicialmente disse que o homem que morreu, Abdullah Comert, foi alvejado na segunda-feira durante uma manifestação na cidade de Antakya, mas voltou atrás depois que o chefe da promotoria da província disse que a autópsia mostrou que Comert havia recebido uma pancada na cabeça e que não havia sinais de ferimento a bala.

O governador Celalettin Lekesiz não respondeu às perguntas dos jornalistas sobre se o homem pode ter morrido após ser atingido por uma lada de gás. O outro manifestante morto foi atropelado por um táxi em Istambul.

Arinc declarou que o governo está tomando "todas as medidas" para assegurar que tais "incidentes ruins" não se repitam.

Na noite de segunda-feira, Erdorgan declarou no Marrocos que espera que a situação esteja resolvida quando ele voltar para o país, na quinta-feira. O primeiro-ministro adotou um tom desafiador, chamando os manifestantes de extremistas marginais, embora centenas de milhares de manifestantes tenham tomado as ruas, na maioria, de forma pacífica.

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A Associação de Direitos Humanos da Turquia disse que cerca de 3.300 pessoas foram detidas em todo o país durante os quatro dias de protesto, embora a maior parte tenha sido libertada. Pelo menos 1.300 pessoas ficaram feridas, afirmou o grupo, que reconheceu que este é um dado difícil de ser obtido.

Nesta terça-feira, centenas de policiais, apoiados por canhões de água, estavam posicionados ao redor da principal praça de Ancara, nas proximidades do escritório do primeiro-ministro.

Em Istambul, muitas pessoas dormiram à sombra das árvores, sobre a grama do parque, onde os protestos tiveram início, enquanto outras caminhavam com sacos, retirando o lixo. Os manifestantes montaram uma área no centro onde recolhem doações de comida.

Uma confederação de sindicatos convocou uma greve de dois dias em apoio aos protestos e milhares deles marcharam pela praça Taksin nesta terça-feira.

Numa tentativa de aliviar os protestos, Arinc marcou para quarta-feira uma reunião com membros de uma iniciativa civil, estabelecido por um grupo de ativistas, arquitetos e acadêmicos que protestaram em Taksim.

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