| Foto: Robson Vilalba/ Designer e Ilsutração

Um debate transatlântico foi formado entre dos grupos de pesquisadores na busca de um gene que poderia levar a medicamentos que aumentassem a longevidade. Cientistas britânicos dizem que o gene da longevidade está "beirando o fim de sua vida", porém norte-americanos cujo trabalho está sob ataque dizem que a abordagem está mais promissora que nunca.

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O debate diz respeito aos ge­­nes que fazem as sirtuínas, proteínas envolvidas no controle do metabolismo celular. Por causa do seu papel metabólico, as sirtuínas poderiam mediar um aumento de vida de 40% usu­­fruído por ratos e camundongos colocados em uma dieta de baixa caloria.

As pessoas não conseguiriam se manter nessa dieta de baixa caloria, porém drogas que ativam a sirtuína seriam, teoricamente, uma forma indolor para humanos acrescentarem anos em uma vida magra e saudável. A ideia surgiu quando o resveratrol, uma substância encontrada em quantidades vestigiais no vinho tinto, foi reportado como ativador da sirtuína.

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Em 2008, a empresa farmacêutica GlaxoSmithKline pagou US$ 720 milhões pela Sirtris, empresa que tentava desenvolver drogas que imitavam o resveratrol e que ativariam as sirtuínas.

Desde então, vários aspectos da história da sirtuína passaram por questionamentos científicos, incluindo dúvidas sobre a possibilidade de os efeitos do resveratrol serem praticados por meio da sirtuína e se as sirtuínas seriam os mediadores reais ou exclusivos do aumento da longevidade associados a uma dieta de baixa caloria.

Apesar dessas questões, a ideia de a sirtuína promover a longevidade atrai cientistas, devido a experiências que fo­­ ram iniciadas com levedos e repetidas em dois outros organismos-padrão de laboratório, o nematoide e a mosca de fruta.

São essas experiências de base que estão agora sob críticas de David Gems e Linda Partridge, pesquisadores sobre envelhecimento da University College London.

Em um artigo publicado recentemente na revista Nature, eles e seus colegas reexaminaram as experiências nas quais se reportou que os nematoides e as moscas de fruta, geneticamente manipulados para produzir mais sirtuína que o normal, viviam mais.

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Segundo eles, ambos os experimentos eram falhos, pois os vermes e as moscas usadas como controle não eram geneticamente idênticos aos organismos examinados. Os pesquisadores de Londres repetiram as experiências com controles adequados e descobriram que o excesso de sirtuína, no final das contas, não faz os vermes e as moscas viverem mais.

Envelhecer

O estudo genético sobre o envelhecimento é um campo relativamente novo que teve sua parcela de problemas quando co­­meçou. Em um artigo de cinco anos atrás, também publicado pela Nature, Gems e Partridge alertaram sobre alguns dos er­­ros frequentemente cometidos. "A biologia do envelhecimento é um campo novo, com armadilhas emergentes", eles escreveram.

Os autores das experiências originais sobre a sirtuína com vermes e moscas caíram em uma dessas armadilhas, escrevem agora os pesquisadores de Londres, especificamente pelo erro na hora de se certificar que seus animais de testes e controle tinham a mesma base genética em todos os aspectos, exceto pelo gene acrescentado que forçava a produção extra de sirtuínas.

No experimento com o verme, publicado em 2001 por Leonard Guarente, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o grupo de vermes utilizados teve uma mutação extra, que também tinha o efeito de prolongar a vida, reportam os pesquisadores de Londres. Quan­­do o gene mutante é removido, os vermes com sirtuína excedente não vivem mais, dizem eles.

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Guarente disse que não concordava com esse impulso crítico. Segundo o pesquisador, o experimento de 2001 foi feito com as melhores técnicas disponíveis na época. Quando ele ouviu sobre o gene que sofrera uma mutação dois anos atrás, refez o experimento com vermes cujo gene havia sido removido. Os vermes com sirtuína excedente ainda viviam mais, apesar do efeito ser menos eminente que antes, uma descoberta que ele também reporta na Nature.

"Concordamos que há uma falha em um dos grupos de vermes que usamos para o artigo de 2001", disse Guarente em uma entrevista. ‘’Não concordamos de forma alguma que haja uma questão séria acerca do sir2 estender a vida de vermes ou não ’’, disse ele, usando o nome da versão da proteína sirtuína do verme. "Acho que tudo isso é tempestade em um copo d’água", disse ele.

Moscas

Stephen Helfand, da Universi­­dade Brown, é autor da experiência com moscas.

Assim como Guarente, Hel­­fand criticou os pesquisadores de Londres por focarem em um de seus experimentos antigos e ignorarem a experiência subsequente que chegou à mesma conclusão, com técnicas muito mais elaboradas.

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Em uma experiência mais recente, publicada em 2009, ele pôde programar esses genes para começar a produzir sirtuína a mais apenas quando consumissem a droga. Aquelas com a droga viveram mais, reportou o pesquisador.

O grupo de Londres acredita que o campo do envelhecimento está cheio de experimentos descuidados feitos por pessoas que são novas no campo e estão mais interessadas na publicidade do que em excluir os fatores que confundem esse assunto complexo. Os pesquisadores americanos da sirtuína afirmam que o grupo de Londres foi além da simples correção para a ciência e agiram mal fazer objeções antes de entrar e contato para tentar entender o que teria dado errado na experiência.