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Conflito no Oriente Médio

Vida pós-Hamas: qual será o futuro de Gaza depois da guerra

Coluna de veículos blindados de transporte de pessoal (APCs) israelenses ao longo da fronteira com Gaza, sul de Israel (Foto: EFE/EPA/ATEF SAFADI)

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A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas atravessa momento de trégua, em razão do acordo para libertação de reféns israelenses e presos palestinos e entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Entretanto, Israel já avisou que o conflito será retomado e continuará até que o Hamas seja exterminado - o que gera a dúvida: qual será o futuro da Faixa de Gaza, enclave controlado pelo grupo terrorista desde 2007?

No início do mês, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Estado judeu assumiria a responsabilidade pela segurança de Gaza após a guerra "por tempo indefinido", ideia rejeitada pelos Estados Unidos, que se opõem a uma nova possibilidade de ocupação a longo prazo de Israel na região.

Desde então, alguns cenários sobre o assunto têm sido discutidos entre países do Oriente Médio e do Ocidente envolvidos indiretamente no conflito.

Uma das opções é que Israel, apesar das discordâncias de outras nações, assuma o controle da região. No entanto, essa sugestão já foi rechaçada pelo próprio governo, conforme afirmou o ministro da Defesa, Yoav Gallant, no mês passado.

"Não queremos assumir as responsabilidades pela Faixa de Gaza. O objetivo de Israel é destruir o Hamas e promover uma nova realidade de segurança para os cidadãos de nosso país e para a região", disse.

Uma segunda opção, apoiada pelo líder da oposição israelense no Parlamento, Yair Lapid, seria o retorno da Autoridade Palestina, que controla partes da Cisjordânia, à Faixa de Gaza.

Em 2007, o Hamas, que havia vencido a eleição local no ano anterior, assumiu o controle total da Faixa ao expulsar o Fatah, partido do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Uma terceira proposta, encabeçada pelos EUA e que está parcialmente relacionada à sugestão anterior, defende uma aliança entre países do Oriente Médio ou entidades internacionais para administrar Gaza.

Esse governo interino, segundo propôs a Casa Branca, seria mantido até que uma autoridade palestina fosse restabelecida no território. Todos esses cenários, claro, só seriam possíveis com a efetiva derrota do Hamas.

Até o momento, o conflito não mostra sinais de que está perto do fim, em meio a declarações sobre continuidade da guerra após a trégua iniciada na sexta-feira (24), que foi prorrogada até esta quarta-feira (29).

Para o especialista em Oriente Médio Gabriel Schorr, que foi soldado nas Forças de Defesa israelenses (FDI) por 23 anos e já atuou em missões dentro de Gaza três vezes, a proposta americana para a região é a que se apresenta mais próxima de acontecer, "apesar do assunto estar incerto ainda, devido à continuidade do conflito".

Schorr explicou que, conforme as negociações diplomáticas ocorrem, cria-se um ambiente propício para a retomada da administração de Gaza por uma autoridade palestina.

"Quando Israel atingir seu objetivo de extinguir o Hamas, a presença militar na região deve continuar por dias ou semanas, até que sejam estabelecidas negociações para um acordo grande que, entre outras coisas, estabeleça uma nova liderança para Gaza", disse.

Segundo o especialista, o primeiro passo para alcançar um novo governo na região partiria do retorno das tratativas que estavam sendo desenvolvidas entre Israel e a Arábia Saudita antes do conflito começar, no dia 7 de outubro.

Atualmente, os países não possuem relações diplomáticas oficiais, contudo, haviam iniciado diálogos em busca de parcerias regionais, que foram interrompidas depois dos ataques terroristas no território israelense.

"Israel não cogita controlar Gaza, não teria apoio popular, bem como não cogita ter um domínio militar permanente na região. Eu acredito que, depois da destruição do Hamas, Israel tentaria fazer um acordo com países árabes, como a Arábia Saudita, para conter os resquícios do grupo terrorista na área, e iniciar um novo projeto de modernização e investimento em Gaza", disse.

Schorr lembrou que, no decorrer dos anos, houve diversas tentativas de acordos para o estabelecimento de maior autonomia ao povo palestino.

Um deles foi o Acordo do Século para o Oriente Médio, proposto durante a gestão do republicano Donald Trump, que defendeu a criação de um Estado para os palestinos e formação de polos industriais e tecnológicos na região. Isso seria possível a partir do investimento de países árabes em Gaza, a fim de fomentar essa independência e retirar responsabilidades de Israel sobre a região.

"Talvez seja o momento desses países se envolverem na ajuda aos palestinos. Ocupar Gaza não é uma opção para o governo israelense. Tanto Israel quanto certos países árabes desejam paz para a região e esse projeto de desenvolvimento se mostra um caminho para as novas gerações, para dar fim à doutrinação do terrorismo e para os palestinos terem um futuro. Portanto, o futuro de Gaza depende do envolvimento desses países. Os Emirados Árabes Unidos e Dubai são provas disso, você pega escombros de areia e cria um futuro", afirmou o especialista.

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