Glossário
Principais termos relacionados à pesquisa:
Célula - São as unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos. Menor porção dovisível de matéria viva, a célula é como um "tijolo" do organismo vivo, mas com uma organização interna mais complexa.
DNA - Composto orgânico que contém as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos.
Genoma - Conjunto de informações hereditárias presente na cadeia de DNA. Definem as características essenciais de cada organismo vivo.
Biotecnologia - Uso do conhecimento biológico para realizar modificações em organismos vivos, como o combate a doenças e implementos à agricultura.
Fonte: Redação
Califórnia - Não é ainda vida artificial criada do zero, mas é quase. Após 15 anos de esforços e gastos de US$ 40 milhões, cientistas nos Estados Unidos construíram a primeira célula viva sintética.
Trata-se de uma bactéria cujo DNA foi inteiramente sintetizado a partir de informações contidas num computador e depois inserido num micróbio "oco", sem DNA. Este foi "reinicializado" e passou a se replicar, dando origem a colônias de células sintéticas.
"É a primeira espécie que se replica que tivemos neste planeta cujo pai foi um computador", diz o líder da pesquisa, o americano Craig Venter.
O polêmico cientista e empreendedor, famoso por ter liderado o esforço privado de sequenciamento do genoma humano (o dele próprio) na década passada, não economizou palavras sobre o feito: "Estamos entrando em uma era limitada apenas pela nossa imaginação".
"É um passo importante tanto cientificamente como filosoficamente. Certamente mudou minhas visões das definições da vida e de como a vida funciona", declarou o pesquisador norte-americano, cujo trabalho foi publicado on-line ontem pela revista Science.
"O feito de Venter parece liquidar o argumento de que a vida requer uma força ou um poder especial para existir. Na minha visão, isso o torna um dos feitos científicos mais importantes da história da humanidade, disse o bioeticista Arthur Caplan, da Universidade da Pensilvânia. Ele comentou o estudo para a revista Nature.
Outros cientistas veem o feito com mais cautela. Para o Nobel de Medicina David Baltimore, Venter "superestimou a importância" do trabalho. Para Baltimore, trata-se de uma façanha técnica, mas não de uma revolução conceitual.
Utilidades
A criação de micróbios com genomas sintéticos poderá servir no futuro para facilitar a produção de vacinas, para a produção de combustíveis ou para sequestrar gás carbônico do ar.
Venter e seus colegas partiram da sequência do genoma (o conjunto dos genes de uma criatura) conhecido de uma bactéria e montaram uma versão sintética, "como quem tem uma caixa de Legos e tem de montá-los na ordem correta".
Duas bactérias parecidas foram usadas. A equipe sintetizou o genoma da espécie Mycoplasma mycoides, com alguns acréscimos e cortes para servir como forma de identificação (por exemplo, fazendo a bactéria ficar azulada), e transplantou os genes artificiais na sua "prima" Mycoplasma capricolum. Ou seja, apenas o genoma era sintético, não a célula toda.