A dois dias de um crucial debate contra Hillary Clinton, Donald Trump foi obrigado nesta sexta-feira (7) a se desculpar depois da divulgação de um vídeo de 2005 no qual o candidato republicano abusa do machismo e da misoginia para falar das mulheres, descrevendo em termos vulgares suas técnicas de sedução.
Obtido pelo jornal “Washington Post” e rapidamente divulgado pelas emissoras de tevê americanas, o vídeo de três minutos mostra Trump se gabando de apalpar e tentar fazer sexo com mulheres. Na época, ele era um executivo e astro da televisão que acabava de se casar com sua terceira esposa, Melania Knauss.
“Quando você é famoso, elas deixam você fazer”, disse a um apresentador de televisão durante uma conversa gravada sem seu conhecimento em um carro. “Você pode fazer qualquer coisa”, afirmou o empresário, dizendo também que elas o deixavam agarrá-las pelo órgão sexual.
A autenticidade do vídeo, no qual os dois homens não aparecem, mas suas vozes são ouvidas, não foi questionada por Trump, que tomou a pouco frequente decisão de pedir desculpas imediatamente.
“Isso foi uma brincadeira de vestiário, uma conversa privada que aconteceu muitos anos atrás”, afirmou, em nota enviada à imprensa. “Peço desculpas a todos aqueles que possam ter se sentido ofendidos”, disse Trump.
No vídeo, o magnata conta ao apresentador de televisão sua primeira tentativa frustrada de seduzir uma mulher, cujo nome não foi divulgado. “Eu parti para cima dela e falhei. Admito para você”, contou Trump. “Uau”, diz uma outra voz. “Eu parti para cima dela como uma cachorra, mas não consegui comer. E ela era casada”, continua.
A conversa continua até que os dois homens veem uma atriz que os espera do lado de fora do veículo, Arianne Zucker. “Tenho que usar um Tic Tac, no caso de eu começar a beijá-la”, afirma Trump. “Você sabe, eu sou automaticamente atraído pelas mulheres bonitas. Eu simplesmente começo a beijá-las”, completa.
Ataque aos Clinton
Nas primeiras horas deste sábado, o candidato republicano reiterou suas desculpas em um vídeo. “Eu disse, errei, e peço perdão”, disse Trump em sua mensagem. “Nunca falei que era uma pessoa perfeita, nem pretendo ser outra pessoa que não eu mesmo”, destacou o candidato republicano à presidência.
“Comprometo-me a ser um homem melhor amanhã, e não decepcioná-los jamais”, disse Trump, que classificou este escândalo como uma “distração” eleitoral.
Mas, imediatamente, o magnata lançou um ataque indireto contra sua rival democrata, Hillary Clinton, acusando seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, de maltratar as mulheres.
“Eu disse coisas idiotas, mas existe uma grande diferença entre as palavras e os atos de outras pessoas. Bill Clinton realmente maltratou as mulheres, e Hillary perseguiu, atacou, humilhou e intimidou suas vítimas”, disse. “Falaremos disso nos próximos dias”, advertiu.
“É horrível”
A publicação do vídeo chega oportunamente para a campanha democrata, que contratou um especialista para divulgar uma compilação de declarações antigas e recentes de Trump falando sobre as mulheres. “Isso é terrível. Não podemos permitir que esse homem seja presidente”, disse sua rival democrata, Hillary Clinton, em sua conta no Twitter.
Mas a divulgação deste vídeo também impactou as fileiras republicanas. “Estou doente pelo que ouvi hoje”, expressou em um comunicado o chefe da bancada republicana no Congresso, Paul Ryan. “As mulheres devem ser defendidas e reverenciadas, e não tratadas como objetos. Espero que Trump encare esta situação com a seriedade que ela merece e trabalhe para demonstrar ao país que ele tem o maior respeito pelas mulheres”, acrescentou.
A quatro semanas das eleições e a menos 48 horas do segundo debate presidencial, Trump precisa ampliar sua popularidade entre os eleitores moderados, as minorias e as mulheres. As revelações de sexta-feira se somam a uma longa série de histórias e testemunhos sobre o comportamento machista de Trump antes de se tornar político.
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