Depois da divulgação de imagens de cinco soldados uruguaios da ONU abusando de um adolescente haitiano de 18 anos em uma base no sul da ilha caribenha, o Uruguai decidiu destituir seu chefe naval no Haiti, Alberto Caramés, e repatriar imediatamente todos os oficiais que aparecem no vídeo.
O presidente do Haiti, Michel Martelly, por sua vez, condenou o abuso neste domingo e pediu para que altos funcionários da ONU encontrem meios pare evitar que casos de violações voltem a acontecer na ilha. O incidente agravou a relação de confiança entre os haitianos e os soldados de paz.
O porta-voz das Forças Armadas do Uruguai, Sérgio Bique, disse ao diário local "El País" que a decisão de demitir o chefe naval no Haiti foi embasada "em sua responsabilidade como autoridade máxima frente ao contingente" na ilha. Em paralelo, o Exército decidiu abrir um inquérito para investigar o caso. Agentes de Justiça em Port-Salut, cidade onde o abuso ocorreu, já ouviram os depoimentos da mãe da vítima e do próprio adolescente.
Nas imagens, gravadas por um celular, é possível ver vários homens com uniformes militares rindo e jogando um adolescente em uma cama. Em dado momento, ouve-se um dos soldados dizendo em espanhol "sem problema, sem problema".
Logo após o vídeo ser postado no YouTube, a ONU decidiu impedir que os envolvidos no caso saem de seus alojamentos até que o resultado da investigação seja divulgado. Apesar de o vídeo não deixar muita margem para dúvida, a organização descartou "a tentativa de abuso sexual". Em um comunicado, a ONU afirma que "foi violado o Código de Conduta das Nações Unidas", já que as normas não permitem que um civil local visite as bases militares.
Em um comunicado, liberado no domingo à noite, e Presidência descreveu o episódio como um "ato que revolta a consciência nacional", afirmando que Martelly aguarda um relatório detalhado sobre o abuso do jovem haitiano. O presidente ainda pediu que oficiais da ilha se encontrem com autoridades da ONU para prevenir novos casos de abuso.
Em Port-Salut, moradores devem fazer um protesto nesta segunda-feira em solidariedade ao jovem agredido. Desde a campanha presidencial, Martelly pede a redução da presença de soldados da ONU na ilha. Para ele, a missão de paz deveria se concentrar no desenvolvimento da ilha e não em questões de segurança. O presidente já pediu diversas vezes pela reativação do Exército do Haiti, dissolvido em 1995, depois de denúncias de abusos contra direitos humanos. Cerca de 12 mil soldados estrangeiros servem na ilha caribenha atualmente.
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