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Um comitê do Congresso norte-americano e pelo menos dois estados abriram investigação contra a maior rede de clínicas de aborto e contracepção dos Estados Unidos, após um vídeo em que uma executiva da empresa aparece comentando a negociação de partes de fetos ter se tornado viral. As informações são do jornal “The Washington Post”.

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O gravação feita com câmera escondida mostra Deborah Nucatola, diretora de serviços médicos da Planned Parenthood, descrevendo como retira órgãos e tecidos dos fetos abortados e, aparentemente, como realiza a venda deles.

Ele foi gravado por ativistas contrários ao aborto que se passavam por representantes de uma empresa de biotecnologia e se tornou o centro de uma grande polêmica nesta semana.

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Confira abaixo a gravação em versão reduzida (a linguagem é forte):

Polêmicas

“Muita gente quer fígado. Então por isso alguns profissionais usam o ultrassom para se guiar e saber exatamente onde eles estão colocando seus fórceps [aparelho usado para retirar o feto do útero]”, diz Deborah em determinado trecho.

“Estamos muito bons em retirar coração, pulmão e fígado. Eu não vou comprimir aquela parte [que se deseja negociar]. Vou comprimir abaixo ou acima dela. Vou ver se eu consigo deixá-la intacta”, conclui.

A ação foi questionada por especialistas dos EUA, já que a lei de abortos do país não coloca como prioridade a retirada do feto de forma intacta, mas sim a saúde da mãe

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Em outro momento, ela aponta que em certos casos os médicos viram o feto para que ele seja retirado primeiro pela perna, e assim se preserve o corpo intacto com mais facilidade -- já que a dilatação aumenta gradualmente.

Essa técnica é usada em casos de partial-birth (“nascimentos parciais”) e condenada pela lei, já que o feto é retirado parcialmente e, muitas vezes, com vida -- consegue-se manter o corpo intacto e a morte acontece antes de retirar a cabeça do útero. Deborah conta como dribla estes casos judicialmente. “Toda legislação é passível de interpretação”, ela suaviza.

O tom de casualidade usado pela diretora para descrever a ação, no meio de um almoço, foi um dos fatores mais comentados sobre o vídeo.

O grupo responsável pela filmagem, Center for Medical Progress, aponta que a gravação prova que a clínica vende partes dos fetos abortados, um crime segundo a lei federal norte-americana.

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Resposta

A rede de clínicas, porém, acusa o grupo de ter deturpado a gravação. A Planned Parenthood diz que o vídeo foi editado de forma maliciosa -- a versão completa do vídeo, no entanto, foi disponibilizada pelo Center for Medical Progress.

Ainda segundo a rede, sua diretora discutia participação em programas de doação para pesquisa científicas -- e não comercialização.

“Nos serviços de saúde, os pacientes às vezes querem doar tecidos para pesquisas científicas que possam ajudar a fazer novas descobertas médicas, tratamento e cura de sérias doenças. As mulheres que procuram a Planned Parenthood não são diferentes”, escreveu em comunicado.

Investigações

“Este vídeo é detestável”, escreveram líderes republicanos pertencentes a um comitê de energia e comércio. “ O comitê vai investigar profundamente esta situação apavorante”, diz a nota.

O presidente da Casa dos Representantes dos Estados Unidos John A. Boehner convocou o governo de Obama a “denunciar e fazer parar este tipo de prática”. Nada é mais precioso do que a vida, especialmente uma criança no útero. Quando uma organização tenta capitalizar com um bebê ainda no útero, todos nós devemos agir”, disse.

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Além do comitê, dois estados anunciaram que vão investigar as práticas da clínica: Texas e Louisiana.

Veja a versão completa do vídeo: