Parlamentares laicos, cristãos e muçulmanos moderados abandonaram em protesto a Assembleia Constitucional do Egito nesta quarta-feira (4), após o chefe do corpo político ter dito que os trabalhos prosseguirão. Mais cedo, a Irmandade Muçulmana disse que faria uma coalizão eleitoral com os salafistas, que adotam uma visão extrema do Islã, e que um corpo de clérigos terá um papel importante na redação da futura Constituição do Egito. Isso fez com que os parlamentares cristãos, seculares e muçulmanos moderados deixassem a Assembleia em protesto. A aliança política entre a Irmandade e os salafistas têm como objetivo vencer as eleições presidenciais em maio.
Alguns muçulmanos também deixaram a Assembleia em protesto, entre eles um representante da Universidade Al-Azhar do Cairo, além de representantes da comunidade copta cristã do Egito. Cerca de 10% dos 80 milhões de egípcios são cristãos. No total, mais de 20 parlamentares deixaram a Assembleia de 100 deputados. Cerca de 60 deputados são da Irmandade Muçulmana ou ligados aos grupos salafistas.
"O Islã virou apenas o que significa para a Irmandade e os salafistas", disse o deputado muçulmano moderado Ahmed el-Naggar. Os liberais, cristãos e seculares temem que um comitê dominado por islamitas escreva uma Constituição que reflita o Islã e não o conjunto da sociedade egípcia.
"Este é um comitê que foi eleito e formado para trabalhar", disse Saad el-Katatni, chefe do painel e líder da Irmandade Muçulmana. Eles disse que os parlamentares que abandonaram a Assembleia têm até a próxima terça-feira para voltarem e poderão sugerir nomes de outros parlamentares para o comitê. "Nós vamos continuar nesse caminho", afirmou.
Mais cedo, um grupo de clérigos islâmicos ultraconservadores disse que o candidato da Irmandade Muçulmana do Egito prometeu lhes dar poderes para que supervisionem a legislação do país. A Irmandade Muçulmana tenta obter o apoio dos ultraconservadores salafistas, à medida que se aproximam as eleições presidenciais egípcias em maio. O candidato da Irmandade, Khairat El-Shater, quer evitar disputas internas entre os islâmicos e unir todos em uma frente.
Nas eleições parlamentares, os partidos islâmicos ou islâmicos ultraconservadores, como os salafistas, obtiveram quase 70% dos votos. Nesta quarta, El-Shater teve uma reunião com um painel de salafistas e outros clérigos muçulmanos, chamado Comissão de Jurisprudência para os Direitos e a Reforma. Segundo os religiosos, El-Shater prometeu que, se eleito presidente, formará um conselho de clérigos para revisar a legislação para garantir que a lei egípcia esteja de acordo com a lei islâmica, a Sharia.
As informações são da Associated Press.
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