O ministro da Defesa da Argentina, Oscar Aguad, admitiu pela primeira vez que os 44 tripulantes do ARA San Juan estão mortos e confirmou que, meses atrás, a embarcação registrou um problema semelhante ao apontado pelo comandante em sua última comunicação.
Em uma entrevista ao canal "Todo Noticias", Aguad afirmou que a decisão de se encerrar a busca por sobreviventes foi tomada porque "um informe da Marinha" declarou que "as condições do ambiente extremo em que se desenvolveu o ocorrido e o tempo que havia transcorrido eram incompatíveis com a vida humana".
"Quer dizer que estão todos mortos?", perguntou o jornalista Joaquín Morales Solá. "Exatamente", respondeu o ministro.
Aguad esclareceu que a busca do submarino, que prossegue, "não é incompatível" com o pedido das famílias - que querem a restituição dos corpos dos tripulantes.
De acordo com o ministro, o San Juan teve um "incidente similar" ao apontado por seu comandante em sua última comunicação, que apontou a entrada de água pelo sistema de ventilação. A água acabou entrando no tanque de baterias, provocando um curto circuito com princípio de incêndio.
No entanto, segundo Aguad, antes de começar sua última missão foram realizados "todos os controles", que apontaram que o submarino "estava em perfeitas condições de navegar".
"Nos primeiros dias de setembro, o capitão fez uma checagem da nave ponto a ponto. Temos [o documento] assinado por ele e diz que o submarino está em perfeitas condições para navegar. Houve um só incidente similar ao que aconteceu, ao que cremos que aconteceu, que o capitão apontou. Entrou água pelo snorkel, com a diferença de que nessa ocasião a água não chegou às baterias", afirmou.
"O capitão deixou escrito um informe dizendo para averiguar o problema quando o submarino passasse por revisões, em setembro de 2018. Isso era considerado uma avaria menor", acrescentou.
Reação
As declarações do ministro causou raiva nos familiares. "Oscar Aguad deveria ter tato e respeito por nós. Me parece falta de noção sair dando esse tipo de declaração na TV. Primeiro deveria falar com as famílias", afirmou Sandra, cunhada do submarinista Cristian Ibáñez, à rádio "La Red".
"Na sexta-feira [1º] não disse que todos estavam mortos. Disse que iam continuar buscando", afirmou Claudio Rodríguez, irmão do tripulante Hermán Rodríguez, à Radio Latina. "Queria saber como sabe se estão mortos e onde estão. Os mineiros [chilenos] retiraram [da mina] aos 17 dias. Até que eu veja o barco quebrado, não vou pensar o contrário."
"São videntes? Se estão mortos, que tragam os corpos", disse Marta Vallejos, irmã de Celso Vallejos à rádio "Delta".
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”