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| Foto: Ewen MacAskill/The Guardian/Reuters

Segurança

Ministro afirma que o Reino Unido só faz monitoramento legal

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, afirmou ontem que o centro de inteligência britânico só faz monitoramentos legais de dados de internet e negou qualquer uso do serviço Prism, programa do governo americano.

O Prism foi usado pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês) para obter ilegalmente dados de usuários de empresas de internet, como o Google, o Yahoo, a Microsoft e o Facebook, em todo o mundo.

Na sexta, a o jornal Guardian disse que o Reino Unido usava usando parte dessas informações, em cooperação com a americana CIA (agência de inteligência dos EUA). O programa Prism teria permitido que a agência tivesse acesso a dados e vídeos de usuários de fora do Reino Unido, datadas desde junho de 2010.

"Os grampos e decodificações feitas pelo quartel estão sempre autorizados, são necessários, proporcionados e são direcionados a possíveis ameaças", disse Hague à rede de televisão BBC.

Ele negou qualquer transação com a ajuda dos Estados Unidos, em especial no programa Prism.

O ex-assistente técnico da CIA (a agência de inteligência dos Estados Unidos) Edward Snowden, 29 anos, foi quem revelou a informação sobre o monitoramento de milhões de telefones e de dados de usuários de internet em todo o mundo feito pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, sigla em inglês).

A informação foi revelada ontem pelo jornal britânico Guardian, o mesmo que fez as denúncias, na quinta-feira. Segundo o jornal, os registros de telefonemas de milhões de usuários da companhia telefônica Verizon nos Estados Unidos foram monitorados pela agência.

A NSA também foi responsável pela investigação de dados de usuários de internet de páginas como Google, Facebook, Microsoft, Apple, entre outras, em todo o mundo. As duas acusações foram reconhecidas pela Casa Branca e justificadas pelo presidente Barack Obama como importantes no combate ao terrorismo.

Em entrevista ao Guardian, Snowden disse que, desde o momento em que resolveu vazar diversos documentos ao público, ele decidiu não optar pelo anonimato. "Não pretendo me esconder", afirmou o técnico, que hoje é consultor em uma empresa privada.

Ele reconhece que pode ser severamente punido, como em outros casos de vazamento de informações do governo americano. Dentre eles, o do soldado Bradley Manning, acusado de divulgar milhares de documentos militares e do Departamento de Estado para o site WikiLeaks, em 2010.

"Eu sei que vou pagar por meus atos, mas estarei satisfeito se a federação da lei secreta, perdão desigual e poderes executivos irresistíveis que rege o mundo que eu amo seja revelada, mesmo que por um instante", disse Snowden.

Há três semanas, Snowden está em um hotel em Hong Kong à espera da divulgação dos segredos, o que ocorreu na semana passada. Ele diz ter saído só três vezes de seu quarto, onde fez todas as refeições e cobre a porta com travesseiros para evitar que seja ouvido.

Para se prevenir contra câmeras ocultas, digita senhas de acesso cobrindo seu computador com um roupão. Evita telefones e mantém todo o tempo a televisão e sites de notícias ligados, para ver a repercussão dos documentos que entregou aos jornais Guardian e Washington Post.

Ao jornal Post, o ex-técnico da CIA disse ontem que está buscando "asilo de todos os países que acreditam na liberdade de expressão e se opõem à violação da privacidade global".

Sem diploma superior, Edward ganhou confiança da inteligência

Edward Snowden, o homem que revelou o monitoramento de dados e telefonemas feito pelos Estados Unidos, terminou apenas o ensino médio e entrou nas agências de inteligência como segurança. A única experiência com informática era de um cursinho que fez para poder completar os créditos na escola.

O técnico foi funcionário do governo americano por mais de dez anos. Começou na CIA (a agência de inteligência dos EUA) e estava há quatro anos na Agência Nacional de Segurança (NSA), onde descobriu a existência do monitoramento das ligações da Verizon e do sistema Prism.

Antes disso, em 2003, alistou-se no Exército e começou a fazer o programa de treinamento para as Forças Especiais. "Eu queria lutar no Iraque porque eu me sentia como se tivesse a obrigação ajudar as pessoas a se livrarem da opressão. Muitos dos nossos treinadores estavam mais preocupados em matar árabes."

Depois disso, conseguiu seu primeiro trabalho na NSA, como segurança na unidade da Universidade de Maryland. Em seguida, foi transferido para a CIA, onde também foi vigia, mas do centro de tecnologia da informação. Foi onde diz ter conhecido seu talento para a programação de computadores e da internet.

Quatro anos depois, foi deslocado para Genebra, na Suíça, como técnico em manutenção de sistemas de segurança, o que lhe permitiu o acesso a documentos confidenciais. A partir dessa facilidade, pôde ver os documentos, que deram suas primeiras preocupações éticas.

No ano seguinte, Obama era eleito presidente dos Estados Unidos, prometendo diminuir a interferência causada pelo Código Patriótico, aprovado por George W. Bush. "Votei em um terceiro partido, mas eu acreditava nas promessas de Obama. Ele continuou com as políticas de seu antecessor".

Em 2009, virou funcionário terceirizado da NSA em uma base militar no Japão. "Foi quanto eu assisti como Obama avançou as políticas que eu achava que seriam freadas. Eu fiquei em choque", afirmou.

Na agência, tinha um salário mensal de US$ 20 mil (R$ 42 mil), tranquilidade financeira e morava com sua namorada em uma casa no Havaí.

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