Uma explosão destruiu nesta segunda-feira (20) uma zona eleitoral e um soldado morreu durante um tiroteio próximo do local do atentado, no sul do Iêmen, um dia antes das eleições presidenciais para substituir Ali Abdulah Saleh e abrir caminho para reformas após um ano de grandes protestos e anarquia crescente.
A violência no porto de Áden sublinhou os desafios que o sucessor de Saleh enfrentará para tentar impedir que o Iêmen se converta em um Estado falido e esboçar uma nova Constituição que contemple eleições multipartidárias em dois anos.
Após a explosão, que não causou vítimas, homens armados e não identificados abriram fogo contra uma patrulha militar, matando um soldado e ferindo outro, segundo uma autoridade de segurança.
Um veículo que transportava urnas eleitorais foi atacado no dia anterior. O ministro do Interior, Abdul Qader Qahtan, disse que foram tomadas medidas de segurança, mas que alguma violência é inevitável na província de Abyan, no sul do país, um bastião da Al Qaeda.
"Há medidas preventivas de segurança para lidar com qualquer contingência ... para confrontar qualquer grupo que possa atacar a população", argumentou Qahtan. "Abyan continua com muitos distritos sob controle da Al Qaeda, onde há falhas de segurança ... e poderia se esperar uma explosão".
Entretanto, depois de um ano de protestos, disputas diplomáticas e uma tentativa de assassinato, os iemenitas selarão na terça-feira o fim de três décadas de governo de Saleh em uma votação sem oposição para que seu segundo em comando passe a presidir o país.
O fato de que o vice-presidente Abd-Rabbu Mansur Hadi será o único candidato no pleito, dentro de um plano de transmissão de poderes impulsionado pelos vizinhos do Iêmen no Golfo Pérsico, despertou o temor de um baixo comparecimento que poderia solapar sua legitimidade.
As eleições converterão Saleh, que está em Nova York recebendo tratamento médico pelos ferimentos que sofreu em uma tentativa de assassinato em junho, no quarto autocrata árabe deposto após as revoluções na Tunísia, no Egito e na Líbia.
Mas a perspectiva da transição para um governo representativo e estável continua incerta, levando em conta a promessa de Saleh de regressar para liderar seu partido, as divisões no Exército, os milicianos da Al Qaeda entrincheirados no sul e movimentos separatistas também no sul e no norte do país.
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