As forças sírias realizaram um ataque implacável a um protesto na cidade de Homs nesta quarta-feira, matando 50 civis, horas depois de o presidente Bashar al-Assad ter dito que estava comprometido com o fim do derramamento de sangue.
Ataques de artilharia, morteiros e granadas foram lançados ao amanhecer e continuaram ao longo do dia. A televisão estatal disse que um carro-bomba explodiu no centro da cidade, matando e ferindo civis e oficiais.
A explosão atingiu os arredores de Bayada, indicou a emissora, culpando "grupos terroristas armados". Se a informação for confirmada, será o primeiro ataque desse tipo em Homs.
Isso ocorreu assim que o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, insistiu que qualquer intervenção externa para pôr fim à violência seria semelhante a se comportar "como um elefante em uma loja de porcelanas, sem a devida cautela".
França e Inglaterra repudiaram os esforços de Moscou para acabar com quase 11 meses de violência na Síria e colocaram em dúvida a declaração de que Assad estaria "inteiramente comprometido" em solucionar a crise.
Rami Abdel Rahman, chefe do Observatório dos Direitos Humanos da Síria, disse que pelo menos 69 pessoas foram mortas no país nesta quarta-feira, incluindo 50 somente em Homs.
Entre os mortos na cidade sitiada, estavam três família inteiras mortas durante a noite pelos apoiadores do regime armado "shabiha", contou ele. Entre os mortos havia pelo menos três crianças de cinco, sete e quinze anos.
O bombardeio mais intenso foi em Baba Amr, onde pelo menos 23 edifícios foram completamente destruídos, incluindo uma cada atingida por uma míssil que matou uma menina, segundo Abdel Rahman.
Ativistas em Homs disseram que o bombardeio generalizado era claramente uma forma de abrir caminho para um ataque terrestre à terceira cidade síria.
"Desde o amanhecer, o bombardeio tem sido intenso e estão usando mísseis e morteiros", Omar Shaker, por um telefone via satélite de Beirute, relatou à AFP.
"Eles destruíram toda a infraestrutura, encanamento de água e postes elétricos. A situação está precária e falta comida."
"Estamos tentando montar um hospital de campanha, mas não temos equipamento hospitalar."
Ali Hazouri, um médico em Baba Amr, que o hospital de campanha foi atingido e diversos médicos foram feridos, alguns em estado crítico.
"Um socorrista da Cruz Vermelha teve as duas pernas arrancadas no bombardeio", disse ele.
Enquanto as forças do regime apertaram suas ações, cortando energia, comunicação e suprimentos, a mídia estatal reportou que "terroristas atacaram a refinaria de petróleo de Homs.
As autoridades culpam frequentemente "terroristas" pelos ataques à infraestrutura, enquanto opositores acusam o regime de atacá-los como forma de punir os centros de resistência.
O Observatório reportou a morte de 400 civis desde a última ofensiva em Homs, cidade com 1,6 milhão de habitantes, lançada na madrugada de sexta-feira.
Relatou ainda um ataque similar em Zabadani, uma cidade rebelde perto de Damasco que foi alvo por sete dias consecutivos. O último bombardeio matou três pessoas.
No sul da Síria, tropas usaram artilharia pesada depois de um oficial e 17 soldados desertarem na província de Dara, berço do levante contra regime ditatorial de 11 anos de Assad.
Grupos de Direitos Humanos calculam que mais de 6 mil pessoas tenham morrido em quase em ano de revoltas no país, enquanto o regime de Assad busca apagar a revolução que começou em março com protestos pacíficos em meio à Primavera Árabe.
Esforços árabes e orientais para dar fim à violência foram de encontro à resistência da Rússia, cujo Ministro de afirmou que, após o encontro com Assad, o líder sírio estaria "inteiramente comprometido" em acabar com o derramamento de sangue.
Sergei Lavrov se recusou a dizer se Moscou pediu a Assad que renunciasse durante as negociações em Damasco na terça-feira.
"Qualquer decisão diálogo deve ser resultado de um acordo entre os próprios sírios e deve ser aceito pelos mesmos," disse.
Putin deu uma declaração semelhante.
"É claro que condenamos a violência de qualquer lado que venha, mas não nos comportamos com afobação. Devemos permitir que as pessoas decidam seu próprio destino de maneira independente."
O Primeiro Ministro britânico, David Cameron, disse ter "muito pouca confiança" nos esforços russos, enquanto o Ministro de Relações Exteriores da França, Alain Juppe, afirmou que as promessas de Assad eram mera manipulação e não deviam ser acreditadas.
A Rússia, que junto com a China vetou a resolução da ONU condenando o ataque do fim-de-semana, tem ficado firmemente ao lado de seu último aliado na região, um importante comprador de equipamento militar que abriga uma base naval russa estratégica.
O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev reforçou "a necessidade de continuar --inclusive no Conselho de Segurança da ONU-- uma tentativa de coordenar uma aproximação para auxiliar os sírios a eles mesmos solucionarem a crise.
Ele fez os comentários em uma ligação ao Primeiro Ministro turco, que disse planejar uma conferência internacional de players regionais e poderes mundiais para resolverem a crise "o mais rápido o possível."
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos Navi Pillay disse que a falha da resolução do Conselho de Segurança "parece ter alimentado a prontidão do governo sírio para massacrar seu próprio povo em uma tentativa de esmagar qualquer dissidência,"clamando por ação internacional.
A Anistia Internacional somou sua voz às forças orientais pedindo que a Rússia use sua influência na Síria para deter os militares sírios em Homs e garantir que parem de usar artilharia pesada em áreas residenciais.
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