Eleições
Corte reverte proibição a partido de grupo islâmico
Um tribunal egípcio revogou ontem uma decisão que proibia a formação de um partido político por um grupo islâmico que pegou em armas contra o Estado nas décadas de 1980 e 1990. A corte também revogou uma decisão que impedia que Ayman Nour, que ambiciona chegar à Presidência, formasse um partido.
O tribunal afirmou que tanto Nour quanto o grupo islâmico Al-Gamaa al-Islamiyya "preenchem as condições estipuladas nas leis sobre partidos".
As decisões do tribunal saem antes do início das eleições parlamentares em novembro, as primeiras do tipo desde a queda de Hosni Mubarak do poder.
A lei egípcia proíbe partidos baseados na religião, mas grupos como a Irmandade Muçulmana receberam permissão para formar partidos, pois afirmam que eles têm o Islã como uma "referência" e que não têm a intenção de impor a sharia, a lei islâmica, ao país.
O premiê egípcio, Essam Sharaf, convocou ontem uma reunião de emergência para tentar conter a onda de violência que tomou as ruas do país no fim de semana. O chamado para um diálogo urgente foi feito horas após centenas de manifestantes terem incendiado carros das forças de segurança.
Um dia antes, ao menos 25 cristãos coptas morreram e mais de 300 ficaram feridos em confronto com o Exército.
Milhares marchavam em protesto contra o ataque a uma igreja, na região de Assuã, carregando cartazes e cruzes. Os soldados reagiram com violência e abriram fogo contra a multidão.
Ontem, o governo militar interino do Egito anunciou também um inquérito extraordinário sobre a violência.
Segundo a televisão estatal noticiou, o Conselho das Forças Armadas do Egito (SCAF, na sigla em inglês) reiterou que "continua a ser responsável por proteger o povo egípcio depois da revolução de 25 de janeiro até entregar o poder a uma autoridade civil democraticamente eleita".
A junta militar chamou os confrontos de "esforços de alguns em destruir os pilares do Estado e promover o caos" e declarou que "tomaria as medidas necessárias para restaurar a segurança".
Um toque de recolher foi decretado ontem no centro da capital das 2 h às 7 h (21 h às 2 h de Brasília) para tentar restabelecer a calma, e a segurança foi reforçada perto do Parlamento, da sede e do Conselho de Ministros.
No Facebook, estudantes egípcios reagiam pedindo eleições.
O patriarca cristão copta, Shenuda III, decretou três dias de luto. A Igreja Copta culpou a junta militar por não ter impedido os ataques de extremistas islâmicos.
"Estranhos se infiltraram entre os fiéis e cometeram vários erros, dos quais agora os cristãos são responsabilizados", afirmou a Igreja Copta em comunicado. A Igreja lamentou "problemas que acontecem frequentemente e continuam impunes".
Reação internacional
Líderes europeus expressaram preocupações com os confrontos sectários no Egito. "É muito importante que as autoridades egípcias reafirmem que existe liberdade de religião no país", disse o secretário do Exterior da Grã-Bretanha, William Hague.
"Nós pedimos ao governo egípcio que investigue até o fundo esses incidentes e traga os responsáveis à Justiça", disse o porta-voz da chanceler da Alemanha Angela Merkel, Steffen Seibert, à imprensa.
O presidente norte-americano, Barack Obama, disse em comunicado que "chegou a hora de que todas as partes deem mostras de moderação para que os egípcios possam avançar juntos na elaboração de um país forte e unido".
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