A violência étnica e política voltou a tomar conta da principal cidade paquistanesa nos últimos três dias, deixando até 44 mortos, disse a polícia nesta segunda-feira. Desde julho, já são 185 vítimas fatais.
Os confrontos mais graves do fim de semana foram registrados em Malir, Landhi e outros bairros da zona leste - áreas multiétnicas, de classe média baixa.
"Identificamos as pessoas, e pelo menos 200 agentes da polícia serão despachados para buscar e deter essas pessoas", disse Naeem Boroka, comandante policial na zona leste de Karachi.
A polícia disse que não há uma razão clara para o novo surto de violência. Karachi, com mais de 18 milhões de habitantes, tem um longo histórico de violência étnica, religiosa e sectária, e disputas políticas ou entre vizinhos muitas vezes podem descambar para batalhas envolvendo bairros inteiros.
As áreas atingidas têm populações de pashtuns e mujahirs (descendentes dos refugiados falantes do idioma urdu que deixaram a Índia na época da partição do sul da Ásia, em 1947, e se fixaram em Karachi).
Os dois partidos políticos que representam esses dois grupos étnicos têm um histórico de inimizade e violência mútua.
Mas os recentes distúrbios envolveram também a violência entre sunitas e xiitas, e disputas pessoais alimentaram um ambiente propício à violação da lei e da ordem, segundo Sharjeel Menon, ministro da Informação da província do Sindh.
O Movimento Muttahida Qaumi (ligado aos mujahirs), o Partido Nacional Awami e o Partido do Povo do Paquistão (ambos associados aos pashtuns) há anos usam gangues étnicas para brigar nas ruas pelo controle político de Karachi, cidade que contribui com 68 por cento da arrecadação tributária do Paquistão e tem o maior porto do país.
Karachi foi um alvo relevante para militantes da Al Qaeda quando o Paquistão aderiu à "guerra ao terrorismo" lançada pelos EUA no final de 2001. Estrangeiros já foram atacados várias vezes na cidade.
Um recente relatório da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão disse que 1.138 pessoas foram mortas em Karachi no primeiro semestre de 2011, sendo 490 por questões políticas, étnicas ou sectárias.