Bagdá Cerca de mil pessoas morreram no Iraque durante atentados com bombas, ataques a tiros e confrontos durante a semana passada, informaram ontem os ministérios iraquianos do Interior, da Defesa e da Saúde. O anúncio do balanço foi feito um dia depois da pior ação desde o início dos confrontos no Iraque, em 2003, em que uma explosão de um caminhão-bomba em um mercado lotado de Bagdá deixou 137 mortos e mais de 300 feridos. O atentado suicida, que destruiu lojas e carros, ocorreu em Sedriya, região onde vivem sunitas, xiitas e curdos. As mil vítimas estimadas incluem civis e membros das forças de segurança iraquianas, além de integrantes de milícias e grupos terroristas. Os dados foram recolhidos em um trabalho conjunto feito pelos três ministérios.
Este último grande ataque ocorreu no momento em que tropas iraquianas e dos EUA se preparam para lançar uma ofensiva para deter a violência sectária no país. O premier iraquiano, o xiita Nouri al Maliki, culpou os partidários do ex-ditador sunita Saddam Hussein e insurgentes sunitas pela ação. Em dezembro último, três carros-bombas foram detonados no mesmo mercado em Bagdá, matando 51 pessoas.
A explosão, que deixou uma grande cratera na rua, ocorreu horas depois de o clérigo iraquiano e líder xiita, grande aiatolá Ali al Sistani, ter renovado um apelo aos iraquianos para evitar a violência. "A nação islâmica está atravessando condições difíceis e enfrentando tremendos desafios que ameaçam seu futuro", afirmou em um documento o religioso. Ainda no sábado, a explosão de cinco carros-bomba em diferentes locais de Kirkuk, 250 quilômetros ao norte de Bagdá, matou ao menos três pessoas e feriu outras 21. Após as ações, um toque de recolher foi imposto na cidade até as 6 horas de ontem e todas as estradas foram fechadas após as explosões.
Onda de violência
Enquanto velavam seus mortos, os iraquianos enfrentaram ontem outra jornada de ataques com dinamite e tiroteios, que acabou com a morte de pelo menos 22 pessoas, entre elas dois empregados de uma empresa de telefonia celular que foram mortos a tiros e quatro policiais que foram atingidos por uma bomba, deixada perto de uma patrulha da polícia iraquiana na região de Kasra, ao norte de Bagdá. Outros oito morreram em dois atentados com carros-bomba um em uma estação de ônibus na área xiita de Cidade Sadr e outro em um posto de combustível em Dora, um bairro violento da capital. Em outro atentado, um civil iraquiano morreu e outros três ficaram feridos quando um morteiro atingiu uma casa próxima da Embaixada do Irã, no centro de Bagdá.
O Exército dos EUA não comentou de imediato o incidente. Oficiais do governo iraquiano cobraram do primeiro-ministro Nuri al Maliki o anúncio de plano de segurança prometido para janeiro. Mas segundo o General William Caldwell, porta-voz do exército americano no Iraque, o plano não vai produzir resultados da noite para o dia. "As pessoas devem ser pacientes para dar ao governo e às forças de coalizão a chance de implementar os reforços", disse. O general refere-se aos 21.500 soldados que reforçarão as tropas dos EUA no Iraque, que somam hoje 130 mil.