Um novo motim eclodiu nesta quarta-feira (27) na Penitenciária Regional de Guayaquil, no Equador, sendo o primeiro desde que o presidente, Daniel Noboa, iniciou uma guerra contra o narcotráfico e a grave crise carcerária vivida no país há três meses.
Vídeos postados nas redes sociais mostram incêndios dentro de uma das alas do centro prisional, aparentemente provocado por colchões incendiados, enquanto alguns prisioneiros protestam contra o tratamento dos militares nas prisões.
Embora esse motim ainda não tenha sido confirmado pelo Serviço Nacional de Atenção Integral às Pessoas Privadas de Liberdade (SNAI), a Agência Municipal de Trânsito (ATM) de Guayaquil informou que a rodovia que passa em frente à prisão foi fechada devido à operação policial que está sendo realizada em suas proximidades.
A Penitenciária Regional de Guayaquil tem sido uma das prisões mais frequentemente revistadas pela polícia e pelas Forças Armadas durante o estado de emergência decretado pelo governo, com operações recorrentes para apreender armas e objetos proibidos entre a população carcerária.
Dessa prisão, José Adolfo Macías Villamar, conhecido como "Fito", líder da quadrilha criminosa Los Choneros, que cumpria pena de 34 anos de prisão por tráfico de drogas, associação ilícita e assassinato, fugiu entre o final de dezembro do ano passado e o início de janeiro.
Até antes do início da decretação do estado de emergência, Los Choneros, a maior e mais antiga gangue criminosa do Equador, tinha controle sobre o interior da prisão, onde cobrava cotas dos prisioneiros pelo tipo de cela que usavam e também pela comida, entre outros elementos de um extenso esquema de extorsão, de acordo com testemunhas.
Essa prisão faz parte do complexo penitenciário da província litorânea de Guayas, cuja capital é Guayaquil, onde há cinco prisões que abrigam aproximadamente 12 mil detentos.
A Regional é a segunda maior prisão do Equador, com cerca de 4.500 detentos, atrás apenas da Penitenciária do Litoral, que fica ao lado e abriga cerca de 5.500 detentos.
Esse novo motim ocorreu menos de duas semanas antes do fim da extensão de 30 dias do estado de emergência decretado por Noboa com o objetivo de combater as gangues do crime organizado, que ele passou a considerar como grupos terroristas e agentes não estatais beligerantes.
Essa decisão levou ao envio de militares para as prisões com o objetivo de tirar o controle das gangues criminosas sobre elas, onde suas rivalidades causaram uma série de massacres desde 2020, nos quais mais de 500 detentos foram mortos. (Com Agência EFE)