Chesa Boudin, ex-procurador-geral progressista de São Francisco, nos Estados Unidos, foi destituído do cargo depois de um referendo. Mesmo sendo um distrito esquerdista, 60% do eleitorado votou pela exoneração do procurador nesta terça-feira (7).
Boudin tem 41 anos e foi eleito em 2019. A população pediu o referendo reclamando que o crime e a pobreza cresceram na cidade que já foi referência em qualidade de vida no país.
Depois da divulgação dos resultados, Chesa Boudin disse que “as pessoas estão com raiva e frustradas” e culpou “os bilionários de direita” pela criação do referendo diante da insatisfação popular.
Desfinanciamento da polícia
Especialmente depois da morte de George Floyd, em Minneapolis, em 2020, com protestos nos Estados Unidos e mundo afora, Boudin atuou pelo desfinanciamento da polícia, além de processar o menor número possível de crimes e libertar criminosos.
Mesmo após a prefeita de São Francisco, a democrata London Breed, mudar de ideia e reverter a decisão de retirar fundos da polícia, na tentativa de controlar os assaltos e homicídios na cidade, já era tarde demais.
Conforme publicou o jornal americano The Washington Post, no ano passado os homicídios em São Francisco saltaram 36% em comparação com 2019.
Em 2021, 222 pessoas foram feridas ou mortas por violência armada na cidade, contra 137 em 2019. Além disso, roubos de veículos aumentaram 36%, incêndios tiveram crescimento de 40% e os furtos aumentaram 20% em dois anos.
Histórico do ex-procurador
A visão de mundo de Chesa Boudin vem de berço. Ele é filho de Kathy Boudin e David Gilbert, membros do Weather Underground, uma organização marxista radical e militante. Os dois estavam no carro de fuga após um assalto à mão armada em Nova York, em que um guarda e dois policiais morreram, em 1981.
Assim que os pais foram presos, Chesa, que tinha apenas um ano de idade, foi criado pelos fundadores do movimento Weather Underground, os radicais Bill Ayres e Bernadine Dohrn.
Na juventude, Chesa Boudin morou na Venezuela, onde trabalhou como tradutor do ditador Hugo Chávez. Depois, estudou direito na Universidade de Yale, antes de trabalhar para dois juízes e começar a carreira na Defensoria Pública de São Francisco.
Boudin foi eleito em 2019, em grande parte graças a campanhas financiadas pelo bilionário George Soros. O agora ex-promotor público prometeu acabar com as prisões em massa e a fiança em dinheiro, revisar supostas condenações injustas e processar a má conduta policial.
O ex-procurador também levantava a bandeira de que a justiça criminal é sistematicamente racista e que a única forma de reverter essa situação é desconstruindo a própria estrutura da justiça.
Outros procuradores estão na mira
“Democratas, republicanos e independentes se reuniram em São Francisco e escolheram a segurança pública em detrimento da política e da justiça criminal desonesta e radical. O reinado de Chesa Boudin acabou”, comemorou o vice-procurador distrital de Los Angeles, Jonathan Hatami.
Hatami aproveitou a oportunidade para lembrar que o procurador-geral de Los Angeles, George Gascon, alinhado a Boudin, também pode ser destituído. Outros nomes estão na mira da população americana para um possível recall devido às políticas brandas e falhas diante da criminalidade, como Larry Krasner (Filadelfia), Kim Foxx (Chicago) e Kimberly Gardner (St. Louis) - também afilhada de Soros.
Cabe à prefeita de São Francisco nomear outro procurador até as eleições que acontecem em novembro. Podemos esperar, para as próximas votações, eleitores mais conscientes da necessidade de combater a criminalidade.
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