As ruas de Santiago foram palco nesta quinta-feira (27) de uma nova passeata de estudantes, convocada pelos alunos do ensino médio com apoio dos universitários, que foi manchada por violentos confrontos entre os manifestantes e a polícia. Um mês após outra grande manifestação na capital chilena, os estudantes buscavam retomar a queda-de-braço com o governo para exigir uma reforma do modelo educativo e o fortalecimento do ensino público.
A Assembleia Coordenadora de Estudantes do Ensino médio (Aces) calculou que mais de 70 mil pessoas se somaram nesta quinta-feira à mobilização. Segundo o primeiro balanço da Polícia Militar, o protesto deixou algumas dezenas de detidos e dois policiais feridos.
Os manifestantes se reuniram em frente à Universidade de Santiago do Chile (Usach) e começaram a caminhar pela Alameda, a principal avenida da cidade. Os incidentes começaram poucos minutos depois do início da manifestação. Grupos de jovens encapuzados lançaram pedras contra os policiais e tentaram arrancar as cercas instaladas para impedir que os manifestantes seguissem caminhando em direção ao palácio presidencial.
A polícia repeliu os ataques empregando jatos de água e gás lacrimogêneo e a coluna de manifestantes se partiu em duas. A maioria dos presentes conseguiu chegar ao ponto no qual se realizou um ato cultural. Muitos jovens, no entanto, ficaram presos na Alameda, rodeados por grupos de encapuzados que enfrentavam policiais em ruas divisórias.
Desde que começaram os protestos do movimento estudantil, em maio do ano passado, uma de seus principais reivindicações é que o ensino básico e secundário seja administrado pelo governo e não pelos municípios, como ocorre na atualidade.
Nestas últimas semanas, no entanto, os dirigentes centraram seus discursos no debate sobre os orçamentos de 2013, que o governo do conservador Sebastián Piñera deve enviar ao Congresso antes do final deste mês. Os estudantes querem participar dessa discussão para conseguir que se destine mais dinheiro ao reforço da educação pública no país.
"A briga está em se o dinheiro vai ser usado com a mesma lógica que até agora, subsidiando a demanda e, portanto, o setor privado, ou se vai haver uma ênfase na educação pública, que esteve praticamente abandonada", afirmou à Agência Efe Noam Titelman, presidente da Federação de Estudantes da Universidade Católica (FEUC).
Segundo este dirigente, a percentagem de alunos de educação primária e secundária matriculados em escolas públicas no Chile alcança 40%, enquanto a média nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 90%.
Os dirigentes dos estudantes consideram insuficientes as últimas ações do governo, que nesta semana promulgou uma reforma tributária que permitirá arrecadar US$ 1 bilhão adicionais para financiar melhorias no sistema educacional.
Também sancionou uma lei que reduz de 6% para 2% os juros dos créditos que os estudantes universitários devem contratar no sistema bancário para financiar suas carreiras, devido às elevadas tarifas cobradas pelas universidades.
"São recursos que só subsidiam a demanda e a concorrência no setor privado", lamentou Titelman, ressaltando que o modelo educativo chileno, criado durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), é um dos mais segregados do mundo.
O dirigente da FEUC avaliou positivamente o encontro que os líderes do movimento estudantil realizaram recentemente com o ministro da Educação, Harald Beyer, para repassar suas reivindicações. "O mais provável é que nesta semana tenhamos sua resposta", disse Titelman, antecipando que os estudantes universitários convocaram outra manifestação para o dia 11 de outubro.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano