A violência sectária no Iraque tornou-se ``auto-sustentável'', aumentado o desafio de estabilizar o país, afirmou John Negroponte, diretor da inteligência nacional dos EUA.
``A violência entre sunitas e xiitas tornou-se auto-sustentável e disseminou-se para uma ampla escala de grupos e atores'', afirmou. Negroponte, que já foi embaixador norte-americano no Iraque, disse que a violência representa um grande desafio para o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, em sua tentativa de implementar as reformas cujo objetivo é melhorar a vida de todos os iraquianos e reverter a tendência crescente de violência etno-sectária.
``No entanto, a chave para levar o Iraque em direção a uma democracia estável e em pleno funcionamento deve vir dos próprios líderes iraquianos'', disse Negroponte na universidade de Harvard.
``Apenas se eles tentarem resolver suas diferenças, chegar a um acordo em assuntos importantes e observarem a autoridade do Estado de forma completa nos desafios políticos, de segurança e econômicos no Iraque eles poderão seguir um caminho de sucesso globalmente,'' disse ele.
O presidente dos EUA, George W. Bush, pressionado a mudar o curso de atuação no Iraque, recebe nesta quarta-feira relatório de uma comissão bipartidária liderada pelo ex-secretário de Estado James Baker. O relatório deve pedir uma retirada gradual das tropas norte-americanas do Iraque.
As conclusões do relatório devem ter um peso político significativo, mesmo se Bush decidir ignorá-las, especialmente depois que os republicanos perderam a maioria no Congresso nas eleições de 7 de novembro, em grande parte graças ao profundo descontentamento público com a guerra no Iraque.
Há cerca de 140 mil soldados dos EUA no Iraque e mais de 2.800 foram mortos desde a invasão em março de 2003 que derrubou Saddam Hussein.