A capacidade dos insurgentes no Iraque deve permanecer estável no resto de 2006, segundo relatório divulgado nesta terça-feira pelo Pentágono, com detalhes da persistente violência após mais de três anos de guerra.
O relatório trimestral, feito por ordem do Congresso, cita progressos na formação de uma força iraquiana treinada pelos EUA. Mas dois funcionários que comentaram o estudo com jornalistas se recuaram a dizer quando batalhões iraquianos podem operar sem a ajuda dos EUA.
Na Casa Branca, o presidente George W. Bush aceitou as credenciais do novo embaixador do Iraque em Washington, Samir Sumaidaie, e garantiu-lhe que "os Estados Unidos estão prontos para ajudar a democracia do Iraque a ter sucesso".
- Os terroristas podem alvejar os inocentes, os fracos e os vulneráveis - disse o embaixador. - Mas nunca nos impedirão de estabelecer um país democrático e livre.
O Pentágono diz que o poderio dos insurgentes contra a ocupação militar estrangeira "deve continuar estável durante 2006, mas seu apelo e motivação para a contínua ação violenta devem começar a se esvair no começo de 2007."
Alguns radicais sunitas locais aderiram nos últimos meses ao grupo de Abu Musab Al Zarqawi, o "representante" da Al Qaeda no Iraque, o que, segundo o relatório, "aumenta as opções de ataques dos terroristas".
O texto diz que, desde o atentado de 22 de fevereiro, contra a Mesquita Dourada de Samarra, um dos principais templos xiitas do país, houve um aumento dos ataques cometidos, inclusive por milícias xiitas, contra grupos sectários rivais e populações civis.
- A tensão sectária contribui significativamente para a violência, especialmente contra civis - disse o relatório.
Entre 11 de fevereiro e 12 de maio, houve uma média semanal superior a 600 ataques de insurgentes, aumento de 13% em relação ao semestre anterior e mais do que em qualquer outro momento descrito no relatório.
- Os níveis gerais de baixas cresceram substancialmente, refletindo o aumento na violência sectária depois da explosão da Mesquita Dourada - disse o texto.
Durante esse período, houve quase 80 baixas iraquianas e americanas por dia, segundo o Pentágono.
Em um momento de declínio no apoio da população americana à guerra, os EUA precisam que as forças iraquianas assumam o controle da segurança para poder retirar as suas tropas.
O tenente-general Gene Renuart, diretor de planejamento estratégico do Estado-Maior dos EUA, disse que 71 batalhões iraquianos podem assumir a liderança de operações com a participação dos EUA ou agir de forma totalmente independente.
Questionados sobre números específicos, Renuart e Peter Rodman, secretário-assistente de Defesa para assuntos de Segurança Internacional, disseram que a informação é sigilosa.
Jornalistas lembraram que, em fevereiro, Renuart dizia que nenhum batalhão iraquiano podia agir por conta própria.
- Aumentamos substancialmente isso - afirmou ele nesta terça-feira.
O relatório disse também que aumentou em 45% a apreensão de bombas caseiras, normalmente usadas no acostamento de estradas contra americanos. No semestre anterior, o aumento havia sido de 38%.
No mesmo período, a interceptação de carros-bomba aumentou 15% - menos do que os 26% do semestre anterior.