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Cartum - Pelo menos 36 pessoas já morreram em confrontos na área da fronteira entre o norte e o sul do Sudão, segundo líderes da disputada região de Abyei. Ontem marcou o segundo de sete dias de referendo no país. Os eleitores vão decidir se querem ou não a independência do sul sudanês.

Analistas dizem que a região de Abyei é o local mais propenso à violência durante e depois do referendo no sul, que marca o auge de um turbulento processo de paz após décadas de guerra civil. Há ampla expectativa de aprovação da independência pelo eleitorado do sul, uma área de maioria cristã e animista, com afinidades com a África Subsa­­ariana. Isso privaria o norte, árabe e muçulmano, da maior parte das suas reservas petrolíferas.

Luka Biong, alto funcionário do governo sulista, condenou a violência e disse que ambos os lados ainda estão tentando resolver a disputa pela posse de Abiey, como parte de um pacote de ne­­gociações que inclui também a divisão dos dividendos petrolíferos após a eventual secessão. Pa­­ralelamente, e num tom mais otimista, o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter disse à CNN que o presidente do Sudão, Omar Hassan al Bashir, se comprometeu a assumir todas as dívidas do país caso o sul se torne independente.

A oferta, se confirmada, seria um importante gesto de conciliação por parte de Bashir, e pouparia o sul de um grave ônus fiscal em seus primeiros dias de independência. Membros da tribo dinka ngok, que vive em Abyei e tem ligação com o sul, acusaram o governo do norte de ter armado milícias árabes chamadas Misseriya, que se envolveram em confrontos na sexta-feira, sábado e domingo. Os líderes tribais disseram antever mais violência. Charles Abyei, presidente da administração da re­­gião homônima, afirmou que a milícia Misseriya atacou por causa de boatos de que os dinka iriam se declarar parte do sul.

Promessa não cumprida

Mokhtar Babo Nimr, líder da Misseriya, afirmou que 13 dos seus homens morreram no confronto de domingo, e acusou os sulistas de terem iniciado os distúrbios. Os moradores de Abyei, que fica no centro do Sudão, receberam a promessa de um referendo próprio para decidirem se ficarão com o norte ou o sul, mas os líderes locais não chegaram a um acordo sobre como realizar a votação, que afinal não ocorreu, como planejado, no dia 9 de janeiro.

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