Expulsos
Cidade de MS sofre com chegada de brasiguaios
Folhapress
A prefeita de Itaquiraí (MS), Sandra Cassone (PT), pode decretar situação de emergência no município depois que cerca de 1,5 mil brasiguaios (brasileiros que moram no Paraguai) acamparam na BR-163, entre Itaquiraí e Naviraí, a 390 quilômetros de Campo Grande.
Segundo a prefeita, a estrutura da cidade, de 22 mil habitantes, não comporta a chegada dos novos moradores, brasileiros que dizem ter sido expulsos do país vizinho por policiais, milicianos e camponeses.
Os brasiguaios começaram a chegar há aproximadamente três meses. Eles disseram que as terras compradas por eles estavam sendo invadidas por paraguaios, insatisfeitos com a presença brasileira na região.
Inicialmente, chegavam em pequenos grupos, mas, há pouco mais de um mês, o êxodo tomou grandes proporções. O acampamento Antônio Irmão, em que moravam pouco mais de 80 famílias de sem-terra, hoje tem cerca de 600 famílias.
"A situação está degradante, diz a prefeita. Segundo ela, a Defesa Civil municipal está fazendo levantamento para que a prefeitura possa decretar situação de emergência e angariar recursos para as famílias.
Emergencialmente, a administração contratou professores e abriu salas para que os filhos dos brasiguaios possam estudar. Com poucos banheiros no local, muitos usaram áreas de matagal e o resultado foi a contaminação dos poços artesianos do acampamento. O chefe da missão diplomática do Paraguai no Brasil, Didier Olmedo, disse que a embaixada não recebeu comunicação oficial sobre a expulsão de brasileiros de fazendas do país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou ontem uma reunião preparatória do encontro com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, para tratar das relações entre os dois países, especialmente da violência na fronteira. Lula e Lugo se encontrarão na próxima segunda-feira, em Ponta Porã (MS). "O tema violência vai ser discutido. Tanto que o ministro da Justiça estava aqui (na reunião)", disse o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim.
Participaram da reunião, além de Lula e Amorim, os ministros Luiz Paulo Barreto (Justiça) e Márcio Zimmermann (Minas e Energia) e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Na quarta-feira, Lula afirmou que aproveitará o encontro para discutir medidas conjuntas para combater a violência nas áreas fronteiriças. Sem dar detalhes, ele também afirmou que os dois devem anunciar medidas comuns para lidar com o problema.
A afirmação foi feita depois do ataque, na segunda-feira, contra o senador paraguaio Robert Acevedo na cidade de Pedro Juan Caballero, capital do Departamento de Amambay, área de tráfico de drogas na fronteira com o Brasil. A cidade faz divisa com Ponta Porã, onde os dois presidentes vão se encontrar.
Lula e Lugo também discutirão o problema do crescente contrabando na fronteira dos dois países e a situação dos brasileiros, brasileiros que estão sendo expulsos do território paraguaio (veja box ao lado).
Atentado
O senador Robert Acevedo, do governista Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) e vítima de um atentado a bala, espera um novo ataque "a qualquer momento", disse ontem seu irmão, José Carlos Acevedo.
O senador recebeu dois tiros no braço direito "mas sua caminhonete tem sinais de 70 tiros. Meu irmão salvou-se milagrosamente", explicou José Carlos, que é prefeito da cidade.
O senador recebeu alta hospitalar na quarta-feira à noite e passa bem.O motorista e um segurança de Acevedo morreram no ataque.
"Recebemos informações de que vários grupos de narcotraficantes se uniram como em uma cooperativa, juntaram dinheiro e colocaram um preço para a vida de meu irmão", disse José Carlos.
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