O senador Robert Acevedo com a esposa e filhas, após alta hospitalar: apreensão e temor de novos atentados| Foto: Daniel Figueredo/Reuters

Expulsos

Cidade de MS sofre com chegada de brasiguaios

Folhapress

A prefeita de Itaquiraí (MS), Sandra Cassone (PT), pode decretar situação de emergência no município depois que cerca de 1,5 mil brasiguaios (brasileiros que moram no Paraguai) acamparam na BR-163, entre Itaquiraí e Naviraí, a 390 quilômetros de Campo Grande.

Segundo a prefeita, a estrutura da cidade, de 22 mil habitantes, não comporta a chegada dos novos moradores, brasileiros que dizem ter sido expulsos do país vizinho por policiais, milicianos e camponeses.

Os brasiguaios começaram a chegar há aproximadamente três meses. Eles disseram que as terras compradas por eles estavam sendo invadidas por paraguaios, insatisfeitos com a presença brasileira na região.

Inicialmente, chegavam em pequenos grupos, mas, há pouco mais de um mês, o êxodo tomou grandes proporções. O acampamento Antônio Irmão, em que moravam pouco mais de 80 famílias de sem-terra, hoje tem cerca de 600 famílias.

"A situação está degradante’’, diz a prefeita. Segundo ela, a Defesa Civil municipal está fazendo levantamento para que a prefeitura possa decretar situação de emergência e angariar recursos para as famílias.

Emergencialmente, a administração contratou professores e abriu salas para que os filhos dos brasiguaios possam estudar. Com poucos banheiros no local, muitos usaram áreas de matagal e o resultado foi a contaminação dos poços artesianos do acampamento. O chefe da missão diplomática do Paraguai no Brasil, Didier Olmedo, disse que a embaixada não recebeu comunicação oficial sobre a expulsão de brasileiros de fazendas do país.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou ontem uma reunião preparatória do encontro com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, para tratar das relações entre os dois países, es­­pecialmente da violência na fron­­teira. Lula e Lugo se encontrarão na próxima segunda-feira, em Ponta Porã (MS). "O tema violência vai ser discutido. Tanto que o ministro da Justiça estava aqui (na reunião)", disse o ministro de Relações Ex­­teriores, Celso Amorim.

Participaram da reunião, além de Lula e Amorim, os ministros Luiz Paulo Barreto (Justiça) e Márcio Zimmermann (Minas e Energia) e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

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Na quarta-feira, Lula afirmou que aproveitará o encontro para discutir medidas conjuntas para combater a violência nas áreas fronteiriças. Sem dar detalhes, ele também afirmou que os dois devem anunciar medidas co­­­muns para lidar com o problema.

A afirmação foi feita depois do ataque, na segunda-feira, contra o senador paraguaio Robert Acevedo na cidade de Pedro Juan Caballero, capital do Departa­­mento de Amambay, área de tráfico de drogas na fronteira com o Brasil. A cidade faz divisa com Ponta Porã, onde os dois presidentes vão se encontrar.

Lula e Lugo também discutirão o problema do crescente contrabando na fronteira dos dois países e a situação dos brasileiros, brasileiros que estão sendo expulsos do território paraguaio (veja box ao lado).

Atentado

O senador Robert Acevedo, do governista Partido Liberal Ra­­dical Autêntico (PLRA) e vítima de um atentado a bala, espera um novo ataque "a qualquer mo­­mento", disse ontem seu ir­­mão, José Carlos Acevedo.

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O senador recebeu dois tiros no braço direito "mas sua caminhonete tem sinais de 70 tiros. Meu irmão salvou-se milagrosamente", explicou José Carlos, que é prefeito da cidade.

O senador recebeu alta hospitalar na quarta-feira à noite e passa bem.O motorista e um segurança de Acevedo morreram no ataque.

"Recebemos informações de que vários grupos de narcotraficantes se uniram como em uma cooperativa, juntaram dinheiro e colocaram um preço para a vida de meu irmão", disse José Carlos.